segunda-feira, 18 de agosto de 2014

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O fator Marina Silva

Primeiras pesquisas – Para quem achava que a morte de Eduardo Campos teria impacto limitado no quadro eleitoral (conforme artigos de alguns analistas na semana passada), as primeiras pesquisas feitas logo após o desastre aéreo de Santos mostram o quanto as mudanças foram significativas. De acordo com o Datafolha, Marina Silva – agora virtual candidata do PSB em substituição a Campos – venceria Dilma Rousseff, num eventual segundo turno, com 47% dos votos válidos contra 43% da presidente. Na hipótese de um segundo turno entre Aécio e Dilma Rousseff, a candidata à reeleição venceria o tucano: 47% contra 39%. Não houve simulação ente Aécio e Marina no segundo turno, mas, a julgar pelo retrato atual, é razoável supor que, se a decisão fosse hoje,  o Tucano perderia. O ingresso de Marina na disputa comprova que o seu “capital político-eleitoral”, traduzido nos votos obtidos em 2010 (quase 20 milhões) ou intenção de votos, superava o do ex-governador de Pernambuco. Campos  vinha patinando com cerca de 9% nas pesquisas, depois de já ter chegado a 16%, no início do ano.  Mas ainda é difícil saber se a rápida reação do eleitor é apenas reflexo da comoção que tomou conta do país após a tragédia da semana passada, favorecendo o apoio ao PSB e à Marina, ou se realmente é uma tendência que se consolidará a partir desta semana, quando começa o horário de propaganda no rádio e na televisão. Também é cedo para avaliar com exatidão se essa intenção de votos em Marina resulta da migração da intenção de votos em outros candidatos para ela ou se já representa um despertar do eleitorado que permanecia indiferente ou desapontado com as perspectivas eleitorais, mais inclinado, assim, a votar nulo e branco e mesmo se abster, num sinal de protesto. Não foram poucos os cientistas políticos no início do ano que avaliavam Marina como uma “candidata de nicho” e com dificuldades para ampliar o seu eleitorado. Isso será testado agora. O que parece certo desde já é que Dilma e Aécio perderam com a entrada de Marina na corrida (o que explica o esforço do PT e do ex-presidente Lula em pessoa na semana passada em trazer de volta o PSB à base aliada), e terão trabalho redobrado. Mas Aécio, evidentemente, perdeu mais, porque, nas primeiras simulações, já aparece em terceiro, com risco de não chegar ao segundo turno. Na melhor das hipóteses, passou a dividir com a candidata do PSB as atenções daqueles eleitores que sabem que este governo, definitivamente, não funciona.

Crescimento. Que crescimento? – O mercado financeiro reviu a sua previsão para o PIB de 2014: de 0,81% para 0,79%. A previsão de queda do setor industrial – que tem impacto direto no baixo desempenho do PIB – também foi revista: de -1,53% para -1,76%. Com um ritmo econômico tão lento, querendo parar, a projeção da inflação para este ano melhorou: ao invés de romper o teto máximo da meta (de 6,50%), agora a previsão é de 6,25%. O governo, com sua “nova matriz macroeconômica”, conseguiu promover o cenário que dizia tentar evitar ao estimular o consumo de forma irresponsável: um baixo crescimento, hoje, quase beirando a recessão. E com uma inflação renitente, ainda sob os efeitos dos impulsos fiscais e de crédito, e a despeito da fortíssima puxada da política monetária no último ano e meio, que segue “enxugando gelo” em meio a uma "condução" econômica esquizofrênica.
Por Nilson Mello

 

 


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