quinta-feira, 15 de agosto de 2013

ANOTEM:


Zé Dirceu, de guerrilheiro a capitalista.


Faço uma pausa nas leituras regulares para folhear "Dirceu", biografia escrita por Otávio Cabral (Ed. Record).
Um aspecto me fez lembrar "Camaradas"  (de W. Waack), obra do mesmo gênero e temática semelhante: o fracasso dos cubanos e dos guerrilheiros brasileiros do Molipo, treinados em Cuba, tendo Zé Dirceu à frente. 

A verdade dos fatos, não explicitada nos livros citados: a repressão montada pelo Exército para impedir a implantação de outra ditadura, de esquerda, foi mais eficaz que seus oponentes, a exemplo do que já havia ocorrido décadas antes, no episódio do esquema montado em Moscou, tendo Prestes à frente. No resumo, métodos idênticos de parte à parte, com um vitorioso. Quem deu início à escalada?

Diagnóstico, também não explicitado no livro: a esquerda subversiva latino-americana das décadas de 1960 e 1970, com matriz geradora em Cuba e conexão em Moscou (ou, possivelmente, o contrário), subestimou os militares brasileiros.

O Brasil não era o regime do sargentão Fulgêncio; tampouco as Forças Armadas brasileiras o exército cubano.

Vale dizer: Tortura não se justifica em nenhuma hipótese, deve ser combatida com absoluto rigor, mas seu contexto precisa ser esclarecido.

A propósito, seria oportuno esclarecer as causas e consequências dos casos de tortura que continuam a ocorrer hoje em todo o Brasil, em plena democracia, a fim de coibi-los e punir seus autores exemplarmente, o mesmo valendo para os desaparecimentos de presos comuns, suspeitos ou simples cidadãos (onde está o Amarildo?).

A exemplo daquela época, nenhum desses métodos hoje é institucionalizado, ainda assim se repetem com assustadora frequência.

Reflexão oportuna: A prevenção a toda ditadura, não importa o viés, pressupõe, por parte da sociedade, a rejeição a qualquer partido ou movimento que defenda ideologias sectárias, ainda que camufladas em institutos democráticos.

O amadurecimento da democracia vai gradualmente permitir que essa distinção se faça cada vez de forma mais fácil. Ao menos, é o que se espera.

Em tempo:
    Uma suspeita trazida à tona no Livro de Otavio Cabral, a de que Zé Dirceu (vulgo Daniel, Hoffmann e Carlos Henrique) tenha sido agente duplo, algo que “yo no lo creo” (nem o próprio autor), é um ingrediente a mais na “curiosa” biografia do ex-ministro, hoje consultor e capitalista de sucesso.

Por Nilson Mello


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