Zé Dirceu, de guerrilheiro a capitalista. |
Faço uma pausa
nas leituras regulares para folhear "Dirceu", biografia escrita por Otávio
Cabral (Ed. Record).
Um aspecto me fez
lembrar "Camaradas" (de W. Waack), obra do mesmo gênero e temática semelhante:
o fracasso dos cubanos e dos guerrilheiros brasileiros do Molipo, treinados em
Cuba, tendo Zé Dirceu à frente.
A verdade dos
fatos, não explicitada nos livros citados: a repressão montada pelo Exército
para impedir a implantação de outra ditadura, de esquerda, foi mais eficaz que
seus oponentes, a exemplo do que já havia ocorrido décadas antes, no episódio do
esquema montado em Moscou, tendo Prestes à frente. No resumo, métodos idênticos
de parte à parte, com um vitorioso. Quem deu início à escalada?
Diagnóstico,
também não explicitado no livro: a esquerda subversiva latino-americana das
décadas de 1960 e 1970, com matriz geradora em Cuba e conexão em Moscou (ou,
possivelmente, o contrário), subestimou os militares brasileiros.
O Brasil não era o regime do sargentão Fulgêncio; tampouco as Forças Armadas brasileiras o exército cubano.
O Brasil não era o regime do sargentão Fulgêncio; tampouco as Forças Armadas brasileiras o exército cubano.
Vale dizer:
Tortura não se justifica em nenhuma hipótese, deve ser combatida com absoluto rigor, mas
seu contexto precisa ser esclarecido.
A propósito,
seria oportuno esclarecer as causas e consequências dos casos de tortura que
continuam a ocorrer hoje em todo o Brasil, em plena democracia, a fim de
coibi-los e punir seus autores exemplarmente, o mesmo valendo para os desaparecimentos de presos comuns,
suspeitos ou simples cidadãos (onde está o Amarildo?).
A exemplo daquela época, nenhum desses métodos hoje é institucionalizado, ainda assim se repetem com assustadora frequência.
A exemplo daquela época, nenhum desses métodos hoje é institucionalizado, ainda assim se repetem com assustadora frequência.
Reflexão
oportuna: A prevenção a toda ditadura, não importa o viés, pressupõe, por parte
da sociedade, a rejeição a qualquer partido ou movimento que defenda ideologias
sectárias, ainda que camufladas em institutos democráticos.
O amadurecimento da democracia vai gradualmente permitir que essa distinção se faça cada vez de forma mais fácil. Ao menos, é o que se espera.
O amadurecimento da democracia vai gradualmente permitir que essa distinção se faça cada vez de forma mais fácil. Ao menos, é o que se espera.
Em tempo:
Uma suspeita trazida à tona no Livro de Otavio Cabral, a de que Zé Dirceu (vulgo Daniel, Hoffmann e Carlos Henrique) tenha sido agente duplo, algo que “yo no lo creo” (nem o próprio autor), é um ingrediente a mais na “curiosa” biografia do ex-ministro, hoje consultor e capitalista de sucesso.
Uma suspeita trazida à tona no Livro de Otavio Cabral, a de que Zé Dirceu (vulgo Daniel, Hoffmann e Carlos Henrique) tenha sido agente duplo, algo que “yo no lo creo” (nem o próprio autor), é um ingrediente a mais na “curiosa” biografia do ex-ministro, hoje consultor e capitalista de sucesso.
Por Nilson
Mello
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