quarta-feira, 5 de junho de 2013


Notas do Dia

            No futebol: O modelo de gestão do governo Dilma Rousseff parece fazer escola no Esporte. É o que se deduz do surpreendente roteiro montado pela CBF para esse período de preparação da Seleção Brasileira. A equipe tem um amistoso agendado nos próximos dias em Porto Alegre, mas saiu do Rio de Janeiro, onde conta com um grande centro de treinamento, e foi se concentrar e treinar em Goiânia. Sairá então de Goiás para a capital gaúcha. De Porto Alegre voltará para a capital goiana, pois, na sequência, terá outro amistoso, só que em Brasília, para onde irá de ônibus.  De lá, pelo que se entendeu, volta a Goiânia, para depois ir a Fortaleza, Salvador e aí, sim, retornar ao Rio, sua sede até segunda ordem. Acho legítimo que a CBF, como entidade privada que é, tenha interesses comerciais – ou mesmo políticos, que, no final das contas, num país de apadrinhamento como o Brasil, dá no mesmo. A estada em Goiás seria, portanto, decorrência desses interesses, que, assim, exigiriam toda essa logística “ilógica” (com perdão da contradição em termos). Melhor, então, explicitar, para não se confirmar a impressão, estimulada pelo episódio, de que à CBF falta bom senso e planejamento – a exemplo do que acontece no Planalto. A não ser que tais interesses sejam indeclináveis. (Como, aliás, frequentemente também acontece no Planalto).

       Programa de Índio: É comum no Brasil autoridades culparem repórteres por suas declarações. Responsabilizando a imprensa livra-se do constrangimento das bobagens proferidas em momentos que o melhor seria manter a boca fechada. A prática é tão frequente que não precisamos pinçar exemplos mais remotos.  A presidente Dilma Rousseff perdeu nesta quarta-feira dia 04 de junho ótima oportunidade para ficar calada. Não se sabe se ela vai culpar repórteres, alegando que distorceram suas palavras, mas dizer que a Polícia Militar deveria ter-se recusado a cumprir uma ordem judicial (no caso, referia-se à reintegração de posse de uma fazenda invadida por índios) é algo digno de figurar no rol dessas mencionadas bobagens. Como o chefe do Executivo pode sugerir que o órgão que tem por missão o cumprimento da Lei recuse-se a obedecer a uma ordem judicial? Já que foi um ministro (Gilberto Carvalho) que tornou pública a declaração, desta vez, creio, não será possível atribuir a responsabilidade à imprensa. E aí a conclusão é inevitável: a presidente Dilma Rousseff entende que ordem judicial até deve ser obedecida, desde que de forma seletiva, para não comprometer as posturas populistas e demagógicas de seu governo.
 
Por Nilson Mello





 
 
 

 

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