Notas do Dia
No futebol: O modelo de gestão do
governo Dilma Rousseff parece fazer escola no Esporte. É o que se deduz do surpreendente
roteiro montado pela CBF para esse período de preparação da Seleção Brasileira.
A equipe tem um amistoso agendado nos próximos dias em Porto Alegre, mas saiu
do Rio de Janeiro, onde conta com um grande centro de treinamento, e foi se
concentrar e treinar em Goiânia. Sairá então de Goiás para a capital gaúcha. De
Porto Alegre voltará para a capital goiana, pois, na sequência, terá outro
amistoso, só que em Brasília, para onde irá de ônibus. De lá, pelo que se entendeu, volta a Goiânia,
para depois ir a Fortaleza, Salvador e aí, sim, retornar ao Rio, sua sede até
segunda ordem. Acho legítimo que a CBF, como entidade privada que é, tenha
interesses comerciais – ou mesmo políticos, que, no final das contas, num país
de apadrinhamento como o Brasil, dá no mesmo. A estada em Goiás seria,
portanto, decorrência desses interesses, que, assim, exigiriam toda essa
logística “ilógica” (com perdão da contradição em termos). Melhor, então,
explicitar, para não se confirmar a impressão, estimulada pelo episódio, de que
à CBF falta bom senso e planejamento – a exemplo do que acontece no Planalto. A
não ser que tais interesses sejam indeclináveis. (Como, aliás, frequentemente
também acontece no Planalto).
Programa de Índio: É comum no Brasil
autoridades culparem repórteres por suas declarações. Responsabilizando a
imprensa livra-se do constrangimento das bobagens proferidas em momentos que o
melhor seria manter a boca fechada. A prática é tão frequente que não
precisamos pinçar exemplos mais remotos. A presidente Dilma Rousseff perdeu nesta
quarta-feira dia 04 de junho ótima oportunidade para ficar calada. Não se sabe
se ela vai culpar repórteres, alegando que distorceram suas palavras, mas dizer
que a Polícia Militar deveria ter-se recusado a cumprir uma ordem judicial (no
caso, referia-se à reintegração de posse de uma fazenda invadida por índios) é
algo digno de figurar no rol dessas mencionadas bobagens. Como o chefe do
Executivo pode sugerir que o órgão que tem por missão o cumprimento da Lei
recuse-se a obedecer a uma ordem judicial? Já que foi um ministro (Gilberto Carvalho)
que tornou pública a declaração, desta vez, creio, não será possível atribuir a
responsabilidade à imprensa. E aí a conclusão é inevitável: a presidente Dilma
Rousseff entende que ordem judicial até deve ser obedecida, desde que de forma
seletiva, para não comprometer as posturas populistas e demagógicas de seu
governo.
Por Nilson
Mello
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