A
importância dos portos
(Obs: Este artigo foi publicado originalmente no jornal Monitor Mercantil e nos sites especializados Conexão Marítima e Fator Brasil)
A
despeito da crise que o Brasil enfrenta, é interessante verificar a forma
dinâmica e vigorosa como o setor portuário se comporta. A constatação, amparada
em estatísticas, não significa dizer que não haja problemas - alguns, diga-se,
bastante críticos - neste segmento, mas simplesmente que os portos exercem uma
importância para a economia e para o nosso país muito maior do que a que lhe é
comumente atribuída.
Recapitulemos
alguns resultados recentes que apenas reforçam o que há muito se fala, mas nem
sempre se cumpre à risca, ou seja, que, para o Brasil, torna-se imperativo que
adotemos uma visão estratégica para a logística portuária, desenvolvendo ações
e programas de longo prazo, apartidários
e que possam ter continuidade governo após governo. Pois os portos são uma
questão de Estado.
Para
começar, é preciso dizer que o movimento de contêineres nos portos brasileiros
em 2015, embora tenha caído por força da recessão, apresentou um desempenho
muito melhor do que todas as previsões. De acordo com a Abratec, a entidade que
representa os terminais de contêineres, a queda foi de 3,3%, quando as
projeções eram de um recuo de até 30% - ou queda de 25% nas melhores hipóteses.
Os
resultados esperados para o primeiro trimestre deste ano, considerando todos os
segmentos, e não apenas o de contêineres, também são estimulantes. A previsão é
de crescimento da ordem de 3,64% na movimentação de cargas, de acordo com a
Secretaria Especial de Portos (SEP), respaldada por números de entidades do
setor.
No
primeiro bimestre, conforme balanços publicados na imprensa em meados de abril,
os portos já registravam um avanço de 3,48% na movimentação de carga, num total
de 146 milhões de toneladas importadas e exportadas em janeiro e fevereiro.
Para se ter ideia da evolução em meio à crise, em 2015 o movimento nos dois
primeiros meses do ano não chegou a 142 milhões de toneladas.
O
mercado exterior ajuda a explicar o desempenho. As exportações por via marítima
já cresceram 10,17% - para pouco mais de 100 milhões de toneladas - até o final
de fevereiro deste ano, contra 91,35 milhões no mesmo período do ano passado.
Um
dado importante na evolução do movimento dos portos em 2015, e que deve embasar
diagnósticos, políticas e novas ações para o setor, é o fato de os TUPs (Terminais
de Uso Privado) terem apresentado um desempenho superior aos portos públicos.
Segundo números divulgados pela SEP, os TUPs respondem por 67% do total de
cargas transportadas e armazenadas em terminais portuários.
Por
que terminais privados apresentam desempenho melhor do que os Portos Públicos é
uma pergunta que todos os envolvidos no setor devem procurar responder de forma
transparente, para que tenhamos diagnósticos corretos dos entraves que devemos
remover visando a gerar mais desenvolvimento portuário.
Neste
sentido, é impossível não reconhecer que o modelo de contratação de mão de obra
que ainda prevalece nos terminais públicos gera custos desnecessários,
comprometendo a eficiência. A burocracia, que em menor grau também afeta os
TUPs (haja vista que esses estão igualmente sujeitos à ingerência de uma série
de órgãos públicos, sem a necessária padronização dos procedimentos de
fiscalização), é outro problema a ser decisivamente enfrentado.
Mas,
retornemos ao desempenho. Outro dado que revela o vigor do setor é o fato de o
Porto de Santos, com todos os seus terminais, responder hoje por nada menos que
30,8% de toda a balança comercial brasileira. Numa frase, podemos dizer que o
PIB brasileiro se movimenta pelos nossos portos, e eis aí a razão para darmos
atenção especial ao setor. A eliminação da burocracia e a mudança de modelos de
mão de obra contraproducentes e anacrônicos, conforme mencionado acima, são
alguns dos alvos a serem atacados.
Porém,
devemos ainda melhorar em muito as infraestruturas nas quais os portos estão
inseridos, aperfeiçoando, em terra, as conexões intermodais (com rodovias e
ferrovias) e, no mar, melhorando os canais de navegação, realizando novas obras
de dragagens, tanto as emergenciais como as de manutenção. As defasagens das
obras de dragagem seguem sendo um forte entrave à eficiência.
O
que não podemos mais tolerar são as filas de navios à espera de
"janela" para atracação, devido ao excesso de burocracia e às
deficiências estruturais. Tais gargalos, com efeito negativo se propagando por
toda a cadeia econômica, minam a competitividade da economia brasileira. O PIB
brasileiro, que logo voltará a crescer, não pode ficar engasgado nos nossos
terminais.
*Por
Nilson Mello
Em tempo:
O pessoal de Curitiba é estratégico e paciente, vai comendo pelas beiradas, etapa a etapa. Janot foi por atacado. Não teria sido mais eficaz começar por uma unanimidade (Cunha)? Para não comprometer todo o esforço....
Em tempo:
O pessoal de Curitiba é estratégico e paciente, vai comendo pelas beiradas, etapa a etapa. Janot foi por atacado. Não teria sido mais eficaz começar por uma unanimidade (Cunha)? Para não comprometer todo o esforço....
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