O PIB e o ponto de inflexão
Dois
anos de recessão, oito trimestres seguidos sem crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB). Economia em retrocesso, com elevado índice de desemprego (quase
12% dos trabalhadores ativos) e baixo nível de investimentos.
De acordo com dados divulgados nesta
quarta-feira (01/06) pelo IBGE, a queda do PIB no primeiro trimestre do ano, em
relação ao último trimestre de 2015, foi de 0,3%. Em relação ao mesmo período
do ano passado, o recuo é de 5,4%. A queda acumulada da economia em 12 meses é
de 4,7%.
As medidas "anticíclicas" adotadas
pelo governo Dilma Rousseff em mais de seis anos, em especial as desonerações seletivas a setores
produtivos, não apenas foram insuficientes para estancar a crise como a
retroalimentaram na medida em que aumentaram o déficit público e fomentaram a
ineficiência.
Entre as distorções do modelo, a chamada
"nova matriz macroeconômica", está a inflação persistentemente alta,
além do próprio desequilíbrio fiscal, que causa incertezas, inibe investidores
e engessa as ações do Estado, comprometendo até programas sociais relevantes.
Nada do previsto e prometido na política
econômica da dupla Dilma Rousseff-Guido Mantega foi efetivamente entregue, e é
preciso que isso fique bem claro para a sociedade.
Cabe lembrar que o Brasil retrocedeu num
momento em que mundo voltava a crescer, com desempenho especialmente vigoroso
de países emergentes, exceção feita, é claro, àqueles que desenvolveram
políticas heterodoxos e intervencionistas semelhantes à do PT, como a
Venezuela. Num ranking de 31 economias, o Brasil está na rabeira em termos de
crescimento do PIB.
Alguns economistas - os otimistas entre os
otimistas - conseguiram enxergar algo de positivo nos números divulgados pelo
IBGE. Estaríamos chegando a um ponto de inflexão. É que o desempenho de -0,3%
do PIB no trimestre passado foi o melhor resultado desde dezembro de 2014.
Estamos comemorando uma degradação menor do que a esperada, que era em torno de
-0,8%. A que ponto chegamos!
A
queda menor pode significar que uma retomada virá mais cedo do que o previsto.
Mas, de qualquer forma, quando ocorrer, será cíclica. Porque a verdadeira
recuperação da economia, capaz de levar o país ao crescimento sustentável de
longo prazo, tem como pressuposto uma série de reformas estruturantes - a tributária envolvendo a trabalhista, a previdenciária, a administrativa, e mesmo a político-eleitoral
- que, dada a conjuntura, ainda estão
longe de acontecer.
Então, o que se tem para o momento é a forte
possibilidade de retomada da confiança graças à credibilidade que a nova equipe
econômica transmite. E isso já não é pouca coisa tendo em vista o desastre da
"gestão" anterior.
Tudo isso considerado, podemos dizer que o
verdadeiro ponto de inflexão não está na economia nem na política, mas no
Judiciário. É por via da Justiça, com o apoio da sociedade, que o país e sua
democracia estão sendo depurados para poder viver dias melhores. Nunca antes na história tantos governantes, dirigentes políticos, banqueiros e empresários corruptos foram processados e punidos por seus desvios.
Por Nilson Mello
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