A Petrobras precisa ser estatal?
O
assunto não está em jogo neste governo provisório e nem tão cedo poderá voltar
à agenda política nacional (talvez jamais volte), mas a privatização da
Petrobras é uma discussão legítima.
Não
porque a estatal esteja mergulhada na sua pior crise, resultado da forte
interferência política e das administrações danosas dos últimos anos, sob a
égide do PT. Mas sim por uma questão de
fundo, conceitual.
Ora, não é razoável que o Estado se meta a produzir petróleo e vender gasolina,
exercendo, de forma atabalhoada (como se vê), o papel de
"empresário".
Além
disso (e aqui o enfoque também é conceitual), o contribuinte não deve ser
acionista compulsório de uma sociedade empresária, já que pode preferir não
correr o risco de compactuar com más gestões. Sobretudo se houver dinheiro
público envolvido, via aportes de capital do Tesouro.
A
questão ganha relevância quando este mesmo "Estado-empresário"
mostra-se absolutamente inepto para cumprir funções que são de sua essência,
como estabelecer uma efetiva política de segurança pública para conter a
violência urbana (cujas estatísticas são dignas de uma guerra civil), ou gerir,
de forma minimamente eficiente, a Saúde e a Educação.
Hoje,
não tenho mais a menor dúvida de que empresas estatais servem a grupos
políticos, com interesses privados - e não ao Estado e à sociedade.
O novo
presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirma que não aceitará indicações
políticas para a diretoria da empresa. Este tipo de declaração nem deveria ser
necessária. Mas, na conjuntura em que vivemos, já é um alívio. A se confirmar!
Por Nilson Mello
Além disso (e aqui o enfoque também é conceitual), o contribuinte não deve ser acionista compulsório de uma sociedade empresária, já que pode preferir não correr o risco de compactuar com más gestões. Sobretudo se houver dinheiro público envolvido, via aportes de capital do Tesouro.
Hoje, não tenho mais a menor dúvida de que empresas estatais servem a grupos políticos, com interesses privados - e não ao Estado e à sociedade.
O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirma que não aceitará indicações políticas para a diretoria da empresa. Este tipo de declaração nem deveria ser necessária. Mas, na conjuntura em que vivemos, já é um alívio. A se confirmar!
A lente que distorce a realidade
Em sua coluna desta quinta-feira (19/05) em alguns jornais, Luís Fernando Verissimo revela todo o seu sobressalto com o fato de haver quatro investigados pela Lava Jato no Ministério Temer.
Não
lembro de ter visto, nesses últimos anos, sequer uma vírgula de indignação do
escritor com os desmandos nos governos do PT e com o fato de muitos (muitos
mesmo!) dirigentes do partido - diversos deles com cargos no governo - terem
sido investigados, denunciados, processados e condenados por corrupção.
Neste
caso, nem o recurso à lógica canhestra de Robin Hood serve como
atenuante. Ou alguém acha que esses dirigentes presos roubaram para dar aos
pobres?
Verissimo também tem aliviado, em suas
crônicas, a "gestão" (aspas minhas) econômica do governo Dilma,
indicando que o rombo orçamentário sem paralelo foi feito em prol de causas
sociais.
Se alguém tiver notícia de que a saúde, a
educação ou qualquer outro serviço público de relevância, como a segurança,
alcançou níveis de excelência em decorrência deste desastre fiscal que hoje nos
desafia, por favor me avise!
Talento não falta a Verissimo. Até para mentir.
Talento não falta a Verissimo. Até para mentir.
Na
mesma coluna, Verissimo pergunta por que o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy
não tem sido responsabilizado pelo (reconhece ele, Verissimo) "descontrole
da economia brasileira".
A
resposta é simples: porque, quando chegou, o "descontrole" já estava
feito. E porque as mudanças que
chegou a propor e anunciar não foram levadas adiante uma vez que o ajuste
simplesmente não era um compromisso sincero do governo Dilma.
Aliás,
o que foi sincero neste governo é difícil saber. Na verdade, Joaquim Levy, cuja
competência é inquestionável, foi uma jogada de marketing que não funcionou.
Por
Nilson Mello
Em tempo
Em tempo
A nova equipe econômica. O dia
em que o país conseguir se livrar deste presidencialismo de coalizão que loteia
cargos públicos, aparelha o Estado e se aproveita do patrimonialismo,
aquinhoando privilegiados no setor privado para receber as benesses do Tesouro,
todo o Ministério terá um perfil parecido com o desta equipe econômica nomeada
pelo governo interino.
Gente
com formação acadêmica inquestionável e grande experiência de mercado no
primeiro escalão (como Meirelles e Goldfajn) e técnicos de carreira igualmente
preparados e comprometidos com o interesse público nas demais esferas (como são
os nomes escolhidos para as diversas Secretarias do Ministério da Fazenda e as
Diretorias do BC).
Todos
cientes de que, sem responsabilidade fiscal (seriedade orçamentária), não há
progresso social.
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