Nada de novo no
front
Ex-piloto entra na corrida política |
A pesquisa do Ibope divulgada esta semana sobre intenção de votos para a
Presidência da República confirma a avaliação feita neste blog, logo após o
ápice das manifestações de junho, de que os protestos - embora representassem um
claro reparo ao desempenho do governo federal - não seriam capazes de tirar da
presidente Dilma Rousseff o favoritismo para as eleições de
2014.
O diagnóstico partia da
constatação de que quem foi às ruas nas manifestações de junho e julho
representava, em sua esmagadora maioria, uma classe média urbana mais exigente e
menos vulnerável aos “programas de transferência de renda” e à massiva
propaganda, em especial a de cunho assistencialista, do governo federal.
Por ser mais
informada, essa classe média urbana é também mais crítica em relação ao
desempenho dos governantes e, sobretudo, muito menos tolerante com a
ineficiência administrativa, os desvios e os seguidos casos de corrupção no
governo petista.
O julgamento do
processo do mensalão, no final do ano passado, serviu como uma deixa para os
gritos de protestos que tomariam as principais cidades brasileiras poucos meses
depois. Mas, aparentemente, seus reflexos não chegarão às urnas com a
intensidade ou rapidez que os desafios brasileiros exigem.
Agora, com 22 pontos
percentuais à frente de Marina Silva, que não tem sequer certeza se conseguirá
registrar o seu partido Rede até o prazo fatal de 05 de outubro, a presidente
segue firme na dianteira com 38% das intenções de voto.
Na última
sondagem do instituto, em julho, Dilma havia caído para 30% das intenções, após
ter chegado a 58 pontos, enquanto Marina, hoje com 16%, atingia 22 pontos e
despontava como a principal candidata de oposição. Aécio Neves, o segundo mais
forte opositor em intenções de voto, também caiu de 13 para 11%.
A permanência do
senador mineiro numa faixa medíocre, a despeito ser o candidato do principal
partido de oposição, fazem com que a sua possível substituição pelo
ex-governador José Serra deixe o campo da simples especulação.
De qualquer
forma, pelo currículo de derrotas na disputa presidencial e pelo perfil pouco
aglutinador de Serra, a insistência em seu nome beiraria o desrespeito com o
eleitor. Até porque o quadro de disputa não se alteraria significativamente com
a troca de um pelo outro, como informam os jornais desta sexta-feira.
Por enquanto, no
PSDB, a principal arma para conquistar o eleitor arredio tem sido um discurso de
desdém cujo resultado é mais do que incerto. Em recente reunião do comando da
campanha tucana, um dos artífices de Aécio Neves afirmou que “o mito Marina
Silva é muito superior à candidata Marina Silva”.
Pode até ser
verdade, mas a questão principal para o PSDB, neste momento, é saber como fazer
para que o seu candidato, muito longe de ser um mito, possa ao menos ser maior
do que aquilo que o partido enxerga nele – e dessa forma empolgar o eleitorado.
Quanto a Eduardo
Campos, quarto colocado na disputa pela pesquisa do Ibope, a sua permanência na
faixa dos 3 e 4 pontos percentuais, não o alça, até o momento, à condição de
forte candidato. Em todo caso, jamais será um nome de oposição real ao atual
governo, ou ao que se pode chamar de orientação programática, tendo em vista o
perfil, o histórico e a aliança entre o PSB e o PT.
Sem perder a
esperança de deslanchar, o governador de Pernambuco segue recrutando nomes que
posam ser bons puxadores de voto para o seu partido, como Romário no Rio e
Emerson Fittipaldi em São Paulo. O ex-piloto de F 1 é, pasmem, a novidade da
política nacional.
Com este cenário,
não surpreende que 30% do eleitorado não sabem em quem votar e estão dispostos a
votar em branco ou anular o voto. O que é lastimável, considerando o fraco
desempenho da economia, os desafios que temos à frente e a distância abissal que
ainda separa o Brasil das nações mais avançadas do planeta em termos sociais e
culturais. Distância abissal, apesar de sermos o 7º maior PIB do
mundo!
Por Nilson
Mello
Em
tempo:
Outra pesquisa
desta semana, da CNI/Ibope, comprova o cenário de marasmo e o baixo senso
crítico da população: 54% dos brasileiros aprovam o governo Dilma Rousseff. É
preciso lembrar que, no país de quase 200 milhões de pessoas, apenas 5 milhões
leem jornais regularmente.
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