quinta-feira, 11 de julho de 2013

ANOTEM

Inimigo Externo

O Globo prestou um grande favor ao governo com esta série de reportagens sobre Snowden (o agente Nevado) e as escutas no Brasil. Não foi intencional, mas funcionou (acreditem: não foi intencional!). O olhar da midia – e do público – foi desviado para um assunto sensacionalista. Assunto que, a rigor, não tem a menor relevância dentro das prioridades do país. Pois as práticas são antigas e usuais aqui mesmo no Brasil, onde Polícias, em especial a Federal, e mesmo empresas privadas usam e abusam das escutas clandestinas e da espionagem cibernética. Nada como um inimigo externo para desviar a atencão de nossos verdadeiros problemas.

A Lição de Napoleão

   No momento em que o “companheiro” bolivariano Nicolás Maduro prepara-se para receber, como exilado político, o agente Nevado, vem à memória a dura, porém, realista lição de Napoleão ao ordenar a execução de um oficial do exército austríaco, após tomar nota das informações estratégicas que esse lhe trazia: “Do traidor, aproveita-se apenas a traição”.
O episódio ocorreu na primeira década do Século XIX. No contexto do Século XXI, e não sendo Nevado um militar, e nem estando EUA e Venezuela em guerra formal ou convencional (apenas ideológica), cabe apenas atualizar a interpretação: um informante jamais será confiável, em que pese o valor de suas informações.


Cegueira ideológica ou desonestidade intelectual

    Entre as reivindicações da paralisação desta quinta-feira dia 11 estão pedidos que representam aumento ou manutenção dos custos trabalhistas. Mas é muito caro contratar no Brasil. A cegueira ideológica ou a oportunista desonestidade intelectual – ou  ambas as, digamos, deficiências associadas –, turbinadas pelo populismo chapa-branca, ainda impede muita gente de empunhar a melhor bandeira. Nossa legislação trabalhista, anacrônica e paternalista, onera o emprego. A boa causa seria reduzir os encargos, o que resultaria em maior oferta de trabalho, maior renda, menos burocracia e mais desenvolvimento.  Claro que seria ingenuidade esperar que a CUT e as outras centrais sejam honestas em relação à questão. Vivem disso.  E o governo também. Mas isso não deve impedir o restante da sociedade de pensar e agir com lucidez.

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