O legado da
heterodoxia
Queda de
3,4% do PIB apenas em 2016. Mais de 12 milhões de desempregados. Inflação renitente
e elevada (estourando o teto da meta), a despeito da brutal recessão e da
consequente queda do consumo. Indústria desmontada.
Como nos
tempos de Colônia, de Império e de primeira República, voltamos a ser
essencialmente exportadores de matéria-prima (commodities). Mas nem o petróleo da camada do pré-sal conseguimos
prospectar e produzir com eficiência, em nosso benefício.
Neste caso,
a mudança "criativa" de um modelo de exploração - que vinha dando
certo - não permitiu. É claro, houve também muita corrupção na empresa estatal
que se prometia defender e fortalecer. E que acabou de joelhos.
A mais
alta taxa de juro do planeta (13,75%). Mantida alta porque, quando se brinca
com a expectativa inflacionária, como se brincou na Era Dilma, o "preço"
a ser pago para trazer os índices novamente a patamares civilizados é muito
mais alto - e dolorido. Um espectro que o Plano Real havia afastado, mas o PT resgatou.
Tudo isso
foi dito, alertado e reiterado ao governo afastado, mas solenemente ignorado
durante os anos de desmando.
A retórica
palaciana dava de ombros, desdenhando das críticas construtivas. Uma soberba
que só arrefeceu durante o processo de impeachment, e mesmo assim apenas
enquanto durou o julgamento no Senado.
Rombo
fiscal (primário,sem contabilizar juros) de R$ 168 bilhões em 2016 - o que por si só pressiona os juros. Pode ser
pior, porque os esqueletos ainda estão sendo retirados do armário. Após anos de
crise, previsão de crescimento de 0,5% em 2017. E isso para quem consegue
manter certa dose de otimismo.
Eis o legado
de 13 anos de petismo com a sua heterodoxia (leia-se "Nova Matriz Macroeconômica").
A reinvenção de uma roda que ficou quadrada.
No
discurso, foi o governo dos pobres e para os pobres. Imagine se não tivesse
sido. Como se a inflação não fosse mais cruel justamente com as camadas de menor renda. Como se a taxa de
desemprego não fosse das maiores da série histórica. Como se a queda consecutiva
do PIB, ano a ano, não inviabilizasse a geração de renda, emprego e os próprios
programas de inclusão tão propalados pelo marketing político.
O que
ficou deste fenomenal déficit fiscal? Dele resultou uma educação de melhor qualidade
para a população, ou os indicadores nacionais permanecem vergonhosos, após mais
de uma década de populismo? Os hospitais públicos melhoraram? Como estão a
segurança e a infra-estrutura?
A dívida bruta do governo central é de 70,5 do PIB, mais de R$ 4,4 trilhões, portanto. Um rombo orçamentário gerado a partir da mais absoluta
irresponsabilidade fiscal, na onda da demagogia, sem que qualquer avanço social
ou econômico tivesse sido consolidado para as futuras gerações.
Em 2018,
Lula vem aí como candidato, novamente, na hipótese de não ser preso nos processos a que responde. Veremos qual será a desculpa....e o novo
discurso.
Por Nilson Mello
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