segunda-feira, 17 de outubro de 2011

COMENTÁRIO DO DIA

Serra na defesa de Tombini

Jose Serra

       O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, 47 anos, doutor em Economia pela Universidade de Illinois (EUA), é extremamente rigoroso nas análises dos indicadores da economia brasileira e internacional. Antes de tomar qualquer decisão que afete a economia do país, sobretudo relacionada à taxa de juros e ao controle da inflação, dedica-se dias ao estudo conjuntural e horas em reuniões e debates com os seus mais próximos colaboradores.
     Eis o perfil que emergiu esses dias na imprensa, no bojo da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de baixar os juros de 12,5% para 12% ainda que a inflação continue a dar fortes sinais de vigor.
Para quem acredita que Tombini segue uma política heterodoxa, sem qualquer autonomia, traçada no Planalto, e não critérios técnicos claros e consistentes, o perfil serviu como desmentido. Nele aprece inclusive uma observação emblemática do presidente do BC, com intuito tranquilizador: “O dilema inflação X crescimento é falso. Você não cresce mais porque tem mais inflação.”
À observação somam-se depoimentos de assessores, segundo os quais Tombini raramente deixa dúvidas quando precisa embasar suas linhas de pensamento e esboçar “seu arsenal de ideias”.
Não faltou nem declaração de figuras proeminentes da oposição como o ex-governador José Serra, contumaz inimigo da política monetária austera desde os governos tucanos, que saiu em defesa do BC em seu blog, questionando: “Um BC só ganha credibilidade quando aumenta a taxa de juros?”
Em síntese, os comentários favoráveis à atuação do Banco Central têm como fio condutor a necessidade de se manter o equilíbrio entre a defesa da moeda (ou seja, estabilidade monetária) e o crescimento econômico.
Tomemos a observação do economista Carlos E. Gonçalves, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, publicada na última edição da revista Dinheiro, como exemplo. Diz ele: “O papel do BC é agir com cautela, e não dar cavalo de pau na economia”.
Esperemos, então, otimistas, que a aposta do Banco Central num desaquecimento da economia global capaz de conter a inflação interna – fundamento que justificou a redução da taxa básica de juros a despeito da alta da inflação doméstica – esteja de fato correta.
Pois está claro que é à crise financeira internacional, com a consequente redução de demanda, e não às suas funções específicas como autoridade monetária, que o BC está atribuindo, informalmente, o controle da inflação.
Lembremos apenas que a inflação dos serviços, de forte peso interno, está descolada das oscilações externas. Aguardemos.
Por Nilson Mello 
     

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