quarta-feira, 28 de setembro de 2011

COMENTÁRIO DO DIA

A contaminação da PM

Patricia Acioli
     A prisão do tenente-coronel PM Cláudio Luiz Silva de Oliveira, comandante do 22º Batalhão da corporação, como acusado de “mentor intelectual” do assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido em 11 de agosto, nos impõe algumas reflexões sobre o caso dentro desse breve comentário diário.
     A primeira reflexão – desanimadora - diz respeito ao grau de deterioração do aparato de segurança do Estado do Rio de Janeiro. É dentro da Polícia fluminense, tanto a Civil quanto a Militar, mas mais nitidamente nessa, que o crime hoje viceja.
     Com relação à PM, o nível de degradação chegou a tal ponto que seria o caso de mantê-la dentro dos quartéis, cancelar o ingresso de novos quadros e simplesmente pôr fim à instituição substituindo-a por uma nova polícia, a partir de outro modelo e outra cultura.
Aliás, a razão pela qual os projetos que tratam da unificação das polícias judiciária (Civil) e ostensiva (PM) não prospera é algo a se pesquisar. Pois não faz sentido que uma instituição paramilitar (PM) seja até hoje o principal mecanismo de efetivação das políticas de segurança pública nos estados.
A segunda reflexão, na verdade, uma constatação, é quanto à rapidez com que se chegou aos autores do crime e ao seu mandante – uma eficiência que contrasta com a prática usual no Estado, onde mais de 90% dos homicídios permanecem sem solução, de acordo com estatísticas recentemente divulgadas. Ou seja, quando há vontade política, as coisas até andam.
Já a terceira reflexão tem caráter de indagação, e talvez seja a mais constrangedora. Podemos atrelá-la a um silogismo enviesado: se a juíza Patrícia Acioli foi assassinada por sua conduta rigorosa contra o crime; se existem milhares de juízes em atividade no Estado do Rio; e se não temos notícias de outros atentados contra juízes no Estado (e os casos de ameaça aparentemente são escassos), isso significa que os demais juízes fluminenses não têm sido assim tão rigorosos com o crime?
Por fim, cabe ainda dizer que o alastramento do vírus da corrupção no organismo policial no Brasil – e na administração pública de forma geral – reflete a descrença de policiais – e servidores públicos – em relação às autoridades que nos governam. Os exemplos vêm de cima. 

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