quinta-feira, 8 de setembro de 2011

COMENTÁRIOS DO DIA



Banco Central alia-se à crise


     A inflação dos últimos 12 meses registrou a maior variação desde 2005, chegando a 7,23% em agosto. Pressionada pelos serviços e preços administrados, a alta no mês foi de 0,37%, mais do que o dobro da verificada em julho (0,16%). O Banco Central espera a desaceleração a partir do quarto trimestre, quando o índice convergiria para o teto da meta (6,5%).
Poucos no mercado acreditam que será possível colocar a inflação abaixo do teto da meta ainda no primeiro semestre de 2012.
A redução dos juros, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC na semana passada, mesmo com forte pressão sobre os preços, não teve, portanto, base em critério técnico (pois os indícios de alta dos preços eram visíveis), mas sim na aposta de que a crise mundial por si só dará cabo de reduzir a demanda mundial, ajudando a controlar a inflação brasileira.
A responsabilidade pelo controle da inflação foi, desta forma, delegada pela autoridade monetária a fatores imponderáveis. Torceremos agora pela crise?


Desfaçatez


Os governadores que apoiam o retorno da CPMF para ampliar os recursos da Saúde deveriam se esforçar para explicar por quê é preciso mais um tributo se a arrecadação federal já teve um aumento de R$ 100 bilhões somente de janeiro a julho deste ano.
Esses R$ 100 bilhões até seriam pouco, se o país já não tivesse uma das cargas tributárias mais pesadas do mundo (cerca de 37% do PIB).
Carga pesada sem contrapartida em serviços públicos de qualidade é indício de má gestão.
Se estão realmente empenhados numa cruzada pela melhoria dos serviços de Saúde, esses governadores deveriam pressionar o Congresso e o governo - e conclamar a sociedade - a envidar seus esforços visando a melhoria da gestão dos recursos públicos.
De quebra, a “cruzada” poderia incluir tolerância zero com a corrupção. Ou isso seria um tiro no pé?
A volta da CPMF (sob novo rótulo, de Contribuição Social da Saúde-CSS), em meio a uma carga tributária beirando os 40% do PIB, e aumentos contínuos de arrecadação, sem que melhorias nos serviços públicos possam ser perceptíveis nos últimos anos, ganha ar de confisco.
O tom com que alguns governadores vieram a público defender a idéia tem a marca da desfaçatez – traço, aliás, marcante em nossos políticos.



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