quinta-feira, 11 de agosto de 2011

COMENTÁRIO DO DIA

     O “diferencial”

     A presidente Dilma Rousseff, o ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foram uníssonos nesta quarta-feira (10/08) ao reconhecer, em eventos distintos, que o enfrentamento da crise financeira internacional vai exigir do Brasil maior esforço na contenção dos gastos públicos.
     Alexandre Tombini chegou a usar o termo “diferencial” para afirmar que a “situação fiscal” brasileira, relativamente melhor do que a de algumas nações desenvolvidas, será o mais importante instrumento do país para enfrentar os abalos globais.
     Tombini falou durante seminário promovido na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Dilma e Mantega aproveitaram a reunião do Conselho Político do governo para pedir aos aliados que não aprovem qualquer medida de aumento de gastos, e derrubem eventuais propostas da oposição neste sentido.
     Na verdade, a questão fiscal ainda não é um “diferencial” da economia brasileira. Ao contrário, tem sido a fonte da maior parte dos problemas do país, em especial da inflação e da alta taxa de juros. De quebra, os juros, elevados por conta de uma política fiscal frouxa, ainda pressionam o câmbio (real valorizado), “roubando” competitividade da cadeia produtiva nacional.
Apesar da aparente contradição de um único fator poder fomentar juros e preços, a questão é simples: para conter a inflação gerada, entre outros, pelos gastos excessivos do governo, o BC de Tombini – e de seus antecessores – precisa manter a taxa em patamar alto. Ou é isso ou seria a irresponsabilidade às últimas consequências em termos de política econômica.
Os juros poderiam ser mais baixos se os gastos do governo não fossem excessivos. Portanto, esse “diferencial” do qual o presidente do BC se vangloria, ainda não existe. Mas a simples menção à sua importância já é um alento. Sinaliza que o governo sabe o que deve fazer em prol da estabilidade econômica.

Um comentário:

  1. Nilson,
    esta sua frase "Os juros poderiam ser mais baixos se os gastos do governo não fossem excessivos." diz tudo sobre a economia brasileira.

    Abs
    Pietrobelli

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