sexta-feira, 15 de julho de 2011

COMENTÁRIO DO DIA

Obstáculos nos caminhos dos Transportes










     A cúpula do Ministério dos Transportes, incluindo o ministro e diretores dos principais órgãos vinculados, foi afastada por suspeita de envolvimento em fraudes, superfaturamentos e cobranças de propinas.
Nada ficou comprovado, até porque falcatrua não tem recibo. (Ao menos não tinha até recentemente, mas acerteza da impunidade vem mudando sobremaneira a cultura da corrupção no país, haja vista pacotes de dinheiro encontrados em cuecas de suspeitos e outros escândalos mais). Mas se a própria presidente da República achou por bem fazer a “faxina” profilática, é porque os indícios são consistentes.
Assim, entende-se – e louva-se – a medida tomada.
O que permanece sem explicação, contudo, é a confirmação do então interino Paulo Sergio Passos como ministro. Ora, há anos ele também faz parte dessa cúpula hoje em suspeição. E já havia sido ministro interino no governo Lula.
Passos, porém, segundo se noticia, goza de plena e irrestrita confiança da presidente Dilma Rousseff. Ele era o secretário Executivo do ministério sob o comando de Alfredo Nascimento.
Empossado como titular, já avisou que pretende revogar a suspensão por 30 dias das licitações, obras e projetos do Ministério determinada há poucos dias por ninguém menos que a sua chefe. A justificativa prosaica é que esses projetos são politicamente importantes para governadores e parlamentares junto a suas bases.
O objetivo do Palácio do Planalto era aproveitar a suspensão para verificar a suspeição. A presidente usou o termo pente-fino para justificar a paralisação dos projetos. Mas ao que parece tudo ficará na mesma neste cada dia mais enigmático Ministério dos Transportes.
Mantêm-se as obras, apesar das suspeitas. Confirma-se o interino que participava da antiga cúpula. Na pasta responsável pela recuperação, ampliação e melhoria de nossa cada vez mais degradada malha rodoviária – entre outras competências igualmente relevantes – tudo ganha ar de enigma.
Agora noticia-se, também, que a mulher do diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de transportes (DNIT), principal órgão do Ministério, é dona de empresa que mantém contratos com o governo de obras rodoviárias que somam R$ 18 milhões.
Luiz Antonio Pagot, por sua vez, foi afastado da direção-geral do DNIT, mas não caiu de vez. E ninguém menos que o vice-presidente Michel Temer defendeu que se espere ele votar de férias, para se explicar.
Ora, se ele está em Brasília, já esteve em audiência na Câmara esta semana, por que precisa voltar das férias para ser explicar? E para ser definitivamente defenestrado...
A conclusão é que tudo continuará como antes nos Transportes. Incluindo as rodovias em péssimo estado de conservação.

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