Os radares e a
"manada"
As multas de
trânsito são um bom exemplo da perversão estatal brasileira. Uma tara sem
paralelos. Todos os serviços que cabem ao Estado no Brasil funcionam mal, à
exceção da parafernália eletrônica montada nas ruas e nas estradas para multar
motoristas.
Rodovias de
má qualidade, pavimentação precária, iluminação e sinalização deficientes,
nenhuma segurança. No trânsito, em tudo o Estado falha, menos quando se trata
de aplicar multas. Só aí o "Big Brother" se esmera, revelando súbita
e surpreendente eficiência.
Se Orwell
foi profético num sentido inverso ao de Kant, Hobbes com certeza ficaria
espantado com o sadismo do "Leviatã" tupiniquim. Não era isso que
tinha em mente quando teorizou sobre o "Contrato Social" que poria
fim ao homo homini lupus.
Ilusão.
Tornamo-nos ovelhinhas à mercê de um lobo voraz. Caberia à "máquina
estatal" nos servir. Mas o papel inverteu-se e é ela que se serve de nós
todos, sem resistência.
Não, não se
iluda. Estes sofisticados sistemas de
radar que ardilosamente tomaram conta de nossas cidades e estradas não estão aí
para nos proteger, para reduzir os acidentes no trânsito, para prevenir
desastres mais graves.
Esse blá
blá blá é apenas o discurso oficial, a justificativa politicamente correta na
qual o "Leviatã" - um cínico! - se escora para implantá-los. Pois, se
o intuito fosse de fato cuidar dos interesses dos cidadãos, nossas estradas e
ruas - assim como nossos hospitais e escolas - estariam em perfeito estado de conservação.
A verdadeira
razão de ser da parafernália eletrônica é a sanha arrecadadora de um Estado
perverso (pervertido, podemos mesmo dizer!). Um Estado que se deleita em tratar
o contribuinte como súdito, seviciando-o. E cuja eficiência só se revela quando
surge a oportunidade de lhe impingir novas obrigações. Nisso, é imbatível. Uma
crueldade.
Poucos se
indignam. Como povo, estamos nos acostumando a agir bovinamente. Uma manada.
"Muuuuuuh!". Acho que foi o que Mena Barreto quis dizer quando
afirmou que, no Brasil, não há eleitores, apenas plateia.
Por Nilson Mello
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