"Depois da bela e empolgante campanha empreendida
no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, ficamos muito
frustrados com o resultado das urnas. Mas, agora, pensando friamente, talvez
tenha sido melhor, ou menos pior, assim. Porque, o ajuste fiscal, decorrente da
heterodoxia (vamos, educadamente, chamar assim) da política econômica do
primeiro mandato da presidente Dilma, teria que ser enfrentado de qualquer
maneira. Sob pena, caso não fosse feito (e caso não seja levado a cabo), do
completo esfacelamento da nossa economia. Melhor que essa tarefa esteja sendo
(ainda que a contragosto) tocada (até quando?) pelo governo petista. Porque, se
o Aécio ganhasse, anunciado o ajuste, o PT iria deitar e rolar. No mínimo, iam
dizer: “Vocês não votaram no Aécio? Nós bem que avisamos: taí a política
neoliberal do tucanos. Agora agüentem”. E por aí afora. Como acaba de ser, mais
uma vez, comprovado com a vitória do Syriza na Grécia, a não ser talvez em
países com elevadíssimos níveis de consciência política, em geral, o povo tem
horror a políticas de austeridade. É , de fato, muito difícil para o eleitor
identificar e reconhecer os bons efeitos de longo prazo de um governo
responsável. Se o PSDB tivesse ganhado a eleição, possivelmente, nunca mais se
aprumaria no Brasil. E, em 2018, assistiríamos à volta triunfal de Luiz Inácio
ao poder. Luiz Inácio sim, porque, se o sangue pode não ser, o fígado do homem
é bom. Resiste a tudo e a todos. Certamente, ele chegaria lá firme e forte. E
se, por acaso, não chegasse, outro, ainda pior do que ele, chegaria. Sabe-se lá
com que desfecho posterior".
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