segunda-feira, 23 de julho de 2012

Comentário do Dia


A economia em perspectiva – O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais otimista do que o mercado com o crescimento da economia brasileira este ano e em 2013. Faz, porém, diagnósticos e alertas idênticos ao artigo da última sexta-feira deste Blog.
Embora aposte num crescimento do PIB da ordem de 2,5% em 2012, contra a previsão de menos de 2% de analistas independentes, o Fundo ressalta que é preciso mudar o enfoque dos estímulos ao crescimento do consumo para o investimento.
No artigo de sexta-feira lembrávamos que somente uma melhor gestão fiscal, que viesse a reduzir despesas correntes, poderia aumentar o nível de poupança abrindo espaço para um volume mais significativo de investimentos públicos. Hoje, o setor público investe menos de 2,5% do PIB.
Os investimentos na produção, como já comentado aqui neste Blog (ver pesquisa na barra paralela à direita) são indispensáveis para um crescimento sustentável de longo prazo, e livre de pressão sobre os preços.
Contudo, como gasta muito e investe pouco, o governo Dilma Rousseff, a exemplo do que fez o seu antecessor, adotou uma política econômica de estímulo ao consumo, com medidas que ampliaram o crédito e o dinheiro em circulação na economia.
Reconhecendo que tais medidas têm caráter “anticíclico” e por isso são importantes para prevenir uma retração interna (em função da crise financeira externa), o Fundo lembra que elas não são suficientes para garantir desenvolvimento sustentável.
Cabe lembrar também que tais medidas podem gerar “bolhas financeiras” e alimentar a inflação no momento em que a economia global retomar seu ritmo de demanda. O Fundo ressalta que as medidas expansivas (estímulo ao crédito) terão que ser “recalibradas”, a fim de que a inflação não fuja da meta em 2013 (ler artigo de sexta-feira passada).
Em resumo, podemos dizer que, na verdade, o governo teve como aliado no combate à inflação a crise internacional. Mas os pressupostos que contribuem para a pressão sobre os preços continuam a existir. São os gargalos à produção, devido aos baixos investimentos, combinados com os arrojados estímulos ao consumo. O resultado desta equação é baixa produtividade, além de fomento à inflação.
Um detalhe: uma política monetária talvez não mais tão austera é um ingrediente adicional que poderá fazer com que essa combinação seja explosiva a partir do quarto trimestre do ano, quando está previsto um reaquecimento da demanda.

Por Nilson Mello

Obs: A matéria com o alerta do FMI está no link abaixo:

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