Em queda, e muito desgastado em função de sua própria inoperância, visível ao longo do episódio Palocci, o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio (PT-RJ), personifica a ineficiência do governo.
O mínimo que se espera de um político profissional, sobretudo de um parlamentar experiente, é que ele tenha capacidade de articulação.
Parlamentares costumam dizer que a pasta das Relações Institucionais faz de seu titular um “garçom”: não tem poder de decisão, mas leva e traz pedidos entre o Congresso e o Palácio do Planalto. Se Luiz Sérgio tinha o physique du rôle de garçom (foto), não o aproveitou.
(Luiz Sérgio, em foto de Bernardo Tabak, G1)
A sua falta de aptidão para a articulação que lhe cabia ficou patente quando, nesta quinta-feira (09/06), instado a dar uma declaração sobre a queda de Palocci a repórteres de TV, se esquivou de forma surpreendente: “O político tem que saber o momento de se calar”. Link abaixo:
Na verdade, o que mais se “ouviu” desde o início deste governo do ministro que deveria promover e administrar o diálogo entre Executivo e Legislativo foi o “silêncio”.
Já é extraordinário que um governo cujo ministério tem perfil político e não técnico – e que conta com nada menos do que 36 titulares – ainda precise de um ministro para articulações políticas, com o pomposo título de chefe das Relações Institucionais.
Ora o que fazem os seus 36 colegas senão política, uma vez que não são – como está claro – gestores capacitados e experimentados? Não foram escolhidos pelo critério técnico, mas sim político. Mesmo aqueles que têm formação em sua área de atuação, como Guido Mantega, não são evidentemente profissionais experimentados de mercado. Nem cérebros saídos da “Academia”.
O patente desânimo da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de despedida de Antonio Palocci deve ter aí a sua causa. Os desafios do país – em especial desse governo - são gigantescos, tanto na área social quanto no que diz respeito a investimentos em infraestrutura. Mas com o atual corpo ministerial será impossível superá-los.
A redução do número de ministérios e a nomeação de titulares com comprovada capacidade técnica garantiria, certamente, mais serenidade à presidente Dilma, além de conferir eficácia ao seu governo que, até aqui, tem patinado. A função de articulador político poderia nas mãos do “mais político e experiente” dos ministros técnicos, como já foi no passado.
Mas essa, sabemos bem, é uma hipótese remotíssima, tendo em vista o modelo de governabilidade que se consolidou no país – e a voracidade de partidos da base por cargos e benesses no governo.
Dilma devolveu a dignidade à Presidência da República – ao se diferenciar do estilo autopromocional do antecessor. Mas não comprovou a fama de grande gestora. E com os ministros que tem, ainda que comprove liderança (o que ainda é uma incógnita), será difícil fazê-lo.
Por Nilson Mello
Comentário do dia 10
No último boletim da FIPE, o economista Emilio Chernavsky, doutor em Teoria Econômica pela USP, avalia a consistência da política monetária vigente, pondo em questão o princípio de combater uma taxa de inflação com uma alta taxa de juros. Uma visão que diverge da postagem de ontem e de outros artigos deste Blog, mas que merece leitura, por enriquecer o debate. Download do artigo
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