http://oglobo.globo.com/economia/precisamos-falar-sobre-heranca-19391694
domingo, 29 de maio de 2016
Comentário do Dia
Rombo - O rombo fiscal deixado pelo governo Dilma Rousseff se aproxima dos R$ 700 bilhões (e não R$ 170,5 bilhões), informa o economista Gustavo Franco, em artigo em O Globo e O Estado de S. Paulo deste domingo. Uma herança mais do que maldita. Para quem quiser conferir, o artigo está no link abaixo:
sexta-feira, 27 de maio de 2016
Artigo
Por que os ricos não pagam a conta da crise
econômica?, questionam algumas pessoas nas redes sociais, em reação ao plano de
ajuste fiscal apresentado ao Congresso pelo governo provisório nesta
terça-feira (24 de maio).
A pergunta embute a sugestão de que o reequilíbrio
das contas públicas - devastadas por uma gestão orçamentária irresponsável e
fraudulenta durante os anos de governo Dilma Rousseff - poderia ser alcançado
via aumento de impostos para aqueles que ganham mais.
Em primeiro lugar, seria preciso definir
quem são os mais ricos. Seriam os 10% da população que estão no ápice da
pirâmide social brasileira, o que inclui a maior parte da classe média? Ou
seja, esta parcela já acossada por uma carga tributária bastante elevada, na
casa dos 36% do Produto Interno Bruto, enfrentando inflação alta e despendendo
grande parte de sua renda com serviços essenciais que o Estado não provê, como
educação e saúde?
Vá lá. Ainda que se selecionassem os mais
ricos entre os mais ricos, digamos, o 1% com renda mais elevada (supostamente
os verdadeiramente ricos entre os brasileiros), o desequilíbrio não estaria
resolvido. E a razão é simples: o aumento puro e simples de tributação não é
capaz de corrigir as distorções estruturais da economia.
A medida poderia gerar certo alívio de
caixa, sem resolver a questão de fundo. E geraria outros problemas. Vale dizer
que não se tem notícia de estudo técnico consistente que demonstre ser possível
zerar o déficit fiscal - este ano, previsto em R$ 170,5 bilhões - via aumento
do Imposto de Renda para os mais ricos ou taxação sobre as grandes fortunas. De
quanto tempo seria a taxação extra e de quanto seria a alíquota? Contribuinte a
partir de que nível de renda estaria sujeito à maior tributação? Em quantos
anos o déficit seria eliminado?
Esses até podem ser considerados detalhes
técnicos a ser esclarecidos na fase de planejamento da eventual medida.
Porém, qual a justificativa conceitual que deve preceder o estudo?
Entre as distorções possíveis estaria um
aumento da sonegação. Ora, se o contribuinte já paga uma carga elevada e vê-se
na obrigação de ainda pagar mais para cobrir um déficit para o qual ele não
contribuiu, é plausível supor que ocorra mais sonegação. Certamente a consequência não seria legal ou
legítima, porém, previsível. Efeito colateral. Com a agravante da manutenção da
questão de fundo, insolúvel. Um estímulo indireto à má gestão fiscal.
Haveria ainda o sério risco de a elevação
seletiva de imposto implicar confisco, o que ocorre quando a tributação invade
de forma abusiva o patrimônio do contribuinte, indo além da proporcionalidade. E neste caso, ainda que possamos adotar uma lógica "robinhoodiana"
(tirar dos ricos para dar aos pobres), a medida não seria nem legítima nem
justa.
Vale
lembrar que os ricos já pagam mais tributos na medida em que recolhem
proporcionalmente mais imposto de renda. E também já pagam mais com os recolhimentos
que incidem sobre o patrimônio, tais como o imposto predial (IPTU), o imposto
sobre propriedade de veículos (IPVA) e o imposto de transmissão de bens imóveis
(ITBI). Neste aspecto, a justiça contributiva está preservada.
O Brasil poderia ter um arranjo tributário
de melhor qualidade, sem dúvida. Para tanto seria necessária uma ampla reforma que
promovesse um sistema em que houvesse menor incidência sobre o consumo, beneficiando
diretamente as camadas menos favorecidas, aquelas que comprometem a maior parte
de sua renda com necessidades básicas.
Neste caso, a ênfase da incidência estaria
necessariamente na renda e no patrimônio, o que seria equânime, mas sem
atribuir de forma preferencial a uma determinada categoria de contribuintes a
responsabilidade pelo reequilíbrio fiscal.
De qualquer forma, o ataque à inflação deve anteceder
qualquer debate em torno de uma eventual reforma tributária. Pois são os pobres
os que mais sofrem com o chamado "imposto inflacionário". E é
possível perceber, na conjuntura brasileira, o quanto os aumentos de preços
tiveram um efeito social devastador - o que explica também a queda vertiginosa
de apoio ao governo de Dilma Rousseff.
Uma das principais premissas para se
combater a inflação de forma eficaz é o melhor controle dos gastos públicos,
algo que poderá ser alcançado com o pacote de medidas apresentado ao Congresso
pelo ministro interino da Fazenda, Henrique Meirelles.
Entre as principais providências listadas
está a limitação dos gastos públicos ao índice de inflação. Já é um avanço.
Melhor ainda seria estabelecer um teto para esses gastos atrelado à meta de
inflação. Aí sim, poderíamos retomar o reequilíbrio em muito menor tempo,
garantindo, por consequência, as condições necessárias para a economia voltar a
crescer, atraindo investimentos e gerando mais empregos.
O que a sociedade não pode mais tolerar é um
desarranjo das contas públicas como o que se viu nos últimos anos, algo que
comprometeu o desenvolvimento e colocou em risco programas sociais indispensáveis.
Por Nilson Mello
terça-feira, 24 de maio de 2016
Comentários do Dia
Aecinho - Por que o juiz Sergio Moro
conduz coercitivamente o ex-presidente Lula para depor mas ainda não fez o
mesmo com o senador Aécio Neves?, questionam alguns, nas redes sociais, em
raciocínio capenga que coloca em suspeição a Operação Lava Jato.
A
resposta é simples: porque a Lava Jato investiga um esquema de corrupção
estruturado pelo PT, em benefício de seu governo e/ou de seus dirigentes.
Portanto, as digitais que aparecem nos autos da Lava Jato são as do
Partido dos Trabalhadores, de seus integrantes e de seus aliados.
Se o senador Aécio Neves cometeu desvios,
esses não estão no raio de competência direta da operação.
Válido ainda é lembrar que Aécio Neves goza
de prerrogativa de foro. O que significa que qualquer investigação em torno de
seus atos deve ser feita via Supremo Tribunal Federal.
Antes, contudo, repita-se, é preciso que ele
esteja no foco da operação coordenada pela Justiça Federal e pelo Ministério
Público Federal no Paraná. E não está. O juiz Sergio Moro, portanto, não o está
protegendo.
Efeito dominó - A propósito, é fato que a operação Lava Jato pode
provocar a queda sucessiva de integrantes do novo Ministério, o que
inviabilizaria o governo provisório de Michel Temer.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Comentário do Dia
Romero
Jucá - O processo de impeachment visava
apenas a barrar a Lava Jato, afirmam alguns defensores do governo Dilma
nas redes sociais desta segunda-feira 23 de maio, no embalo das de denúncias
contra o ministro Romero Jucá.
Quem
com um mínimo de capacidade cognitiva e honestidade intelectual pode crer em
mais este discurso falacioso?
Muito bem, então, podemos sintetizar dizendo que o processo
de impedimento da presidente visava a afastar um governo fraudulento, que cometeu
crime fiscal de forma continuada, como tem apontado o Ministério Público junto
ao TCU; corrupto, como a própria Lava Jato e o Mensalão o comprovam; e, claro,
incompetente, como resta demonstrado pelo total desmonte da economia, que
enfrenta inflação alta, rombo fiscal sem precedentes, desinvestimento, juros
elevados e desemprego na casa dos 12% da população ativa.
Certamente,
quem foi às ruas contra a administração Dilma não se importa que a Lava Jato
alcance o ministro Romero Jucá, o senador Renan Calheiros, o presidente Michel Temer
ou o tucano Aécio Neves.
Ao
contrário, as pessoas que foram às ruas contra a presidente afastada alinham-se
sobretudo contra a corrupção e, portanto, apoiam as investigações. Afirmar algo
na contramão disso é tentar distorcer os fatos.
Por Nilson Mello
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Comentários do Dia
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi6RbyMz3AoAdSBBw1-yC0BmthWTYqAilKI0DmkF_J1tr9yvhi1IaNrEOJFSJ5tj8oX5imnBH-nDeWkpk1HGFQ4Yvz_AcRVaOFlen8ZOMojKsRY9laFU4F5KcZn1toFjjeupzaAyXQGmYy/s1600/Foto+Petrobras.jpg)
A Petrobras precisa ser estatal?
O
assunto não está em jogo neste governo provisório e nem tão cedo poderá voltar
à agenda política nacional (talvez jamais volte), mas a privatização da
Petrobras é uma discussão legítima.
Não
porque a estatal esteja mergulhada na sua pior crise, resultado da forte
interferência política e das administrações danosas dos últimos anos, sob a
égide do PT. Mas sim por uma questão de
fundo, conceitual.
Ora, não é razoável que o Estado se meta a produzir petróleo e vender gasolina,
exercendo, de forma atabalhoada (como se vê), o papel de
"empresário".
Além
disso (e aqui o enfoque também é conceitual), o contribuinte não deve ser
acionista compulsório de uma sociedade empresária, já que pode preferir não
correr o risco de compactuar com más gestões. Sobretudo se houver dinheiro
público envolvido, via aportes de capital do Tesouro.
A
questão ganha relevância quando este mesmo "Estado-empresário"
mostra-se absolutamente inepto para cumprir funções que são de sua essência,
como estabelecer uma efetiva política de segurança pública para conter a
violência urbana (cujas estatísticas são dignas de uma guerra civil), ou gerir,
de forma minimamente eficiente, a Saúde e a Educação.
Hoje,
não tenho mais a menor dúvida de que empresas estatais servem a grupos
políticos, com interesses privados - e não ao Estado e à sociedade.
O novo
presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirma que não aceitará indicações
políticas para a diretoria da empresa. Este tipo de declaração nem deveria ser
necessária. Mas, na conjuntura em que vivemos, já é um alívio. A se confirmar!
Por Nilson Mello
Além disso (e aqui o enfoque também é conceitual), o contribuinte não deve ser acionista compulsório de uma sociedade empresária, já que pode preferir não correr o risco de compactuar com más gestões. Sobretudo se houver dinheiro público envolvido, via aportes de capital do Tesouro.
Hoje, não tenho mais a menor dúvida de que empresas estatais servem a grupos políticos, com interesses privados - e não ao Estado e à sociedade.
O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirma que não aceitará indicações políticas para a diretoria da empresa. Este tipo de declaração nem deveria ser necessária. Mas, na conjuntura em que vivemos, já é um alívio. A se confirmar!
A lente que distorce a realidade
Em sua coluna desta quinta-feira (19/05) em alguns jornais, Luís Fernando Verissimo revela todo o seu sobressalto com o fato de haver quatro investigados pela Lava Jato no Ministério Temer.
Não
lembro de ter visto, nesses últimos anos, sequer uma vírgula de indignação do
escritor com os desmandos nos governos do PT e com o fato de muitos (muitos
mesmo!) dirigentes do partido - diversos deles com cargos no governo - terem
sido investigados, denunciados, processados e condenados por corrupção.
Neste
caso, nem o recurso à lógica canhestra de Robin Hood serve como
atenuante. Ou alguém acha que esses dirigentes presos roubaram para dar aos
pobres?
Verissimo também tem aliviado, em suas
crônicas, a "gestão" (aspas minhas) econômica do governo Dilma,
indicando que o rombo orçamentário sem paralelo foi feito em prol de causas
sociais.
Se alguém tiver notícia de que a saúde, a
educação ou qualquer outro serviço público de relevância, como a segurança,
alcançou níveis de excelência em decorrência deste desastre fiscal que hoje nos
desafia, por favor me avise!
Talento não falta a Verissimo. Até para mentir.
Talento não falta a Verissimo. Até para mentir.
Na
mesma coluna, Verissimo pergunta por que o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy
não tem sido responsabilizado pelo (reconhece ele, Verissimo) "descontrole
da economia brasileira".
A
resposta é simples: porque, quando chegou, o "descontrole" já estava
feito. E porque as mudanças que
chegou a propor e anunciar não foram levadas adiante uma vez que o ajuste
simplesmente não era um compromisso sincero do governo Dilma.
Aliás,
o que foi sincero neste governo é difícil saber. Na verdade, Joaquim Levy, cuja
competência é inquestionável, foi uma jogada de marketing que não funcionou.
Por
Nilson Mello
Em tempo
Em tempo
A nova equipe econômica. O dia
em que o país conseguir se livrar deste presidencialismo de coalizão que loteia
cargos públicos, aparelha o Estado e se aproveita do patrimonialismo,
aquinhoando privilegiados no setor privado para receber as benesses do Tesouro,
todo o Ministério terá um perfil parecido com o desta equipe econômica nomeada
pelo governo interino.
Gente
com formação acadêmica inquestionável e grande experiência de mercado no
primeiro escalão (como Meirelles e Goldfajn) e técnicos de carreira igualmente
preparados e comprometidos com o interesse público nas demais esferas (como são
os nomes escolhidos para as diversas Secretarias do Ministério da Fazenda e as
Diretorias do BC).
Todos
cientes de que, sem responsabilidade fiscal (seriedade orçamentária), não há
progresso social.
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