A ministra dos ministros
A nova ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, será a Dilma da Dilma, nas palavras da própria presidente da República. Até aí tudo bem. A Casa Civil tem como atribuição a coordenação das ações do governo, mediante o assessoramento direto ao chefe do Executivo.
Mas não deixa de ser estranho que os titulares de 36 ministérios – um número absurdo e que por si só já dificulta a tão esperada gestão – precisem da supervisão de um ministro (ou ministra, no caso) com status especial para aferir seus desempenhos e lhes cobrar resultados.
No caso dos governos de seu antecessor, o status da atual presidente como super gerente e bedel dos demais ministérios até se explicava – embora não se justificasse – em função do perfil do ex-presidente Lula, muito afeito à prática política e pouco inclinado ao árduo trabalho de governar.
O que se fala da bela ministra Gleisi Hoffmann é que ela tem pouca experiência política, mas grande vivência administrativa e capacidade técnica. E exatamente por essa razão deixaria a articulação política com o ministro de Relações Institucionais, pasta, por sinal, criada para este fim – e cujo titular provavelmente deixará de ser o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) em função de sua visível inépcia ao longo da crise Palocci.
O papel de ministra (ou ministro) dos ministros, agora atribuída à senadora Gleisi Hoffmann, é, na verdade, um desvirtuamento das atribuições do chefe da Casa Civil. Desvirtuamento que resulta da falta de critério técnico na nomeação das demais pastas. O processo não é recente, mas chegou ao ápice com a profusão de ministérios criados na era PT.
Ora, o chefe da Casa Civil coordena a ação do Executivo, mas não está e nem deve estar acima dos demais ministros. Então, o primeiro passo de uma super ministra, no papel de super gerente de governo, deveria ser justamente a redução do número de ministérios, em prol da eficiência. Paralelamente, a super ministra deveria aconselhar o chefe do Executivo – no caso, a chefe – a nomear ministros com capacidade técnica e não (apenas) por conveniências partidárias.
Infelizmente, a tarefa é quase impossível se considerarmos que a disseminação de pastas ministeriais e a sua distribuição segundo parâmetros políticos nada mais é que uma forma de atender às demandas fisiológicas e aplacar a fúria dos partidos dentro de nosso cada vez mais desgastado presidencialismo de coalizão.
Por Nilson Mello
Censura velada
Para prevenir a divulgação de notícias desfavoráveis a parlamentares, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou esta semana, sem muito estardalhaço, projeto de lei que tipifica o crime de violação e vazamento de sigilo investigatório.
A revelação de fato que esteja sob investigação, de acordo com o projeto, será considerada crime. A pena prevista é de até quatro anos de relusão, além de multa.
Na prática, o projeto, que está pronto para ir a votação no plenário da Casa, é um instrumento de coerção aos jornalistas.
Coincidentemente ou não, o autor do projeto de lei é o deputado Sandro Mabel (PR-GO). O parlamentar, que tem uma trajetória política controvertida, para dizer o mínimo, seria, com certeza, um beneficiário imediato de uma Lei com esse teor.
Inflação arrefecendo?
O jornalista Rolf Kuntz lembra, em excelente artigo no Estado de S. Paulo desta quarta-feira (08/06), que os efeitos da política sobre a demanda interna foram limitados e o risco da transmissão de aumentos de preços por indexação, no segundo semestre, permanece considerável. E ainda que é cedo para afastar a hipótese de um novo choque de preços internacionais, embora o perigo pareça menor, neste momento. Ver o link abaixo: http://m.estadao.com.br/noticias/impresso,mobile,729382.htm
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