quinta-feira, 9 de junho de 2011

COMENTÁRIOS DO DIA

O remédio amargo dos juros

     O gráfico abaixo mostra com clareza o quanto os índices de inflação se desgarraram do centro da meta nos últimos 12 meses e passaram a “flanar” num patamar de alto risco.
    
(Obs: clique na imagem para ampliá-la)




    O risco de descontrole e de retorno de uma espiral de reindexação justifica uma postura ortodoxa na condução da política monetária.
 E ganha maior  relevo em face do significativo relaxamento da política fiscal (leia-se frouxidão nos gastos públicos) dos últimos anos.
     Quanto mais débil for a conduta fiscal, mais rigorosa terá que ser a política monetária, sob o risco de uma volta do descontrole geral dos preços.
     O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC promoveu ontem a quarta alta seguida da taxa básica de juros (Selic), em 0,25%, para 12,25%. É um remédio amargo e de difícil ingestão, mas necessário para reduzir o aquecimento da economia e impedir que a demanda continue a crescer acima da oferta de produtos e serviços, pressionando os preços.
     Crescimento do consumo e, por consequência, da economia (PIB) é um objetivo a ser perseguido desde que haja o compatível aumento da produção. Do contrário, gera-se inflação ao invés de desenvolvimento.
     Os críticos das medidas ortodoxas na esfera monetária deveriam combater as causas e condições que levam o BC (Copom) a conter a economia com a elevação dos juros. Deveriam combater o excesso de gastos públicos e a falta de investimentos em infraestrutura e na produção.
     Quando criticam os juros, estão atacando o remédio amargo, ao invés de atacar a doença.



Na queda de Palocci, a mídia foi apenas o vetor


     Em excelente artigo (o que não surpreende) publicado em dois jornais de grande circulação hoje (09/06), o sociólogo Demétrio Magnoli apresenta o ex-ministro Antonio Palocci como um “sintoma” do modelo de atuação do PT no Poder. (Ver a íntegra do texto no link abaixo).
     A meteórica fortuna feita por Palocci no papel de “consultor-empresário” é, sem dúvida, suspeita. E incompatível com o exercício de funções públicas. Um consultor experimentado amealhando R$ 40 milhões em tão pouco tempo já seria surpreendente – e muito estranho. Mesmo no Brasil.
Como lembrou esta tarde o senador Sergio Guerra (PSDB-PE), é impossível fazer tanto dinheiro “apenas dando conselhos”.
     Mas o que chama mais a atenção – mais ainda do que a forma suspeita de prosperar – são as razões que levaram à queda do supostamente todo poderoso ministro. (Esse foi o foco, aliás, dos comentários anteriores desse Blog sobre o assunto).
     Não foi a oposição que derrubou Palocci. Nem a Folha de S. Paulo, que divulgou o seu rápido enriquecimento (no eufemismo, “evolução patrimonial”). A Folha - assim como o restante da imprensa - foi apenas o vetor das denúncias. A fonte certamente está dentro do próprio PT e nos partidos da base aliada, PMDB à frente.
     Convenhamos, político com rápida e inexplicável “evolução patrimonial” não chega a ser uma novidade em nosso cenário político. Basta uma olhadinha para os ocupantes de nossos Executivos estaduais. Outra olhadinha para ex-prefeitos de capitais. Outra ainda para senadores...
Ora, rápido enriquecimento, por si só, não derruba político. Pode ser a justificativa para a queda. Mas não derruba.
Em suma, já sabemos quais foram as forças que derrubaram Palocci (PT e base aliada, com empurrãozinho da fraca oposição); qual foi o vetor (Folha de S. Paulo); qual foi a justificativa (rápida “evolução patrimonial”). Falta apenas esclarecer as verdadeiras razões.

Link do artigo de Demétrio Magnoli: 

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