quinta-feira, 2 de junho de 2011

COMENTÁRIOS DO DIA

Ministro: Infraero ganhará qualidade com sócio privado

     Mudou novamente. A postagem de ontem (01/06) deste Blog comentava a volatilidade do governo na questão das privatizações dos aeroportos. Volatilidade que reflete desorientação, e que coloca em dúvida a capacidade de o país realizar as obras necessárias até a Copa de 2014.
Um aspecto que surpreende é a recorrente inclusão – e posterior exclusão, ou vice-versa - de aeroportos entre aqueles que serão passados à iniciativa privada, por meio de concessão onerosa.
Até ontem, conforme anúncio da véspera, Guarulhos (Cumbica/SP), Viracopos (Campinas) e Brasília dariam partida ao programa de privatizações do setor, cujos editais – antes previstos para final de abril – só devem estar prontos em dezembro. Eis que os jornais de hoje informam que Rio de Janeiro (Tom Jobim/Galeão) e Belo Horizonte (Confins) também serão incluídos na primeira leva.
Detalhes não foram dados. Talvez porque o governo não saiba muito bem o que está fazendo. E assim, persistem as dúvidas sobre as possibilidades das concessões cumprirem de fato a sua função: a reforma de 12 aeroportos das cidades-sede da Copa até o fim de 2013. Mais do que isso, na verdade: a possibilidade de o país ter aeroportos eficientes, que suportem o forte crescimento da demanda.
Conforme analisado na postagem de ontem, os jornais de hoje (02/06) refletem a preocupação dos investidores em relação ao modelo anunciado, que obriga os investidores privados a ter como sócia (com 49% de participação) a Infraero – a estatal federal que administra os aeroportos e que, por sua notória ineficiência como gestora, pode ser considerada a causa das privatizações (ou do congestionamento aeroportuário, o que dá no mesmo).
A propósito, o comentário do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC) em relação a essa circunstância beira o sarcasmo. Diz Wagner Bittencourt: “A Infraero terá ganhos de qualidade ao associar-se com os investidores privados porque absorverá as melhores práticas do mercado”.
A Infraero terá, repita-se, 49% de participação em cada concessão. Se a ideia é criar ônus adicional aos gestores privados, comprometendo a sua eficiência, não poderia haver modelo mais adequado.
Por Nilson Mello

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