segunda-feira, 13 de junho de 2011

COMENTÁRIOS DO DIA


Pesca e caça

Como a boa conduta cívica manda que garantamos a todos a oportunidade de provar o seu verdadeiro valor, esperemos que, a partir de agora, a pesca experimente um estrondoso desenvolvimento sob a liderança do novo ministro da pasta, o deputado Luiz Sérgio (PR-RJ).
A forma entusiasmada com que recebeu a nomeação – após ter sido afastado do Ministério da Articulação por inépcia – talvez indique a sua verdadeira vocação ministerial.
Não estaria afeito às Relações Institucionais, cargo demasiadamente político e dialético, e assim foi transferido pela chefe para um ministério, digamos, mais técnico, no qual poderá mostrar toda a sua competência.
Até hoje não se sabe qual a importância da pasta e o que poderá ser feito pela indústria da pesca no Brasil. Mas eis aí a chance de Luiz Sergio.
Em qualquer outro governo, ou país, sua inaptidão para um cargo no Ministério – reconhecida pelos próprios aliados – o impediria de assumir outro cargo de relevância. Mas resultado e mérito, como bem sabemos, não são conceitos que orientem decisões em governos do PT.
Enquanto Luiz Sérgio vai para a Pesca, assume as Relações Institucionais a senadora Ideli Salvati, conhecida por seu estilo belicoso na defesa de interesses de seu partido e, principalmente, do governo petista.
Com certeza, ao fazer a escolha, a presidente Dilma Rousseff não tinha em mente a construção do diálogo profícuo entre Planalto e Congresso, entre governo e parlamentares - tanto aliados como opositores.
Pois não é possível que tenha errado tanto na escolha.
Assim, o que nos cabe entender agora é por que razão a presidente prefere ter como assessor na pasta das Relações Institucionais alguém que, nitidamente, não tem o perfil de articulador.
Enquanto Luiz Sergio tenta promover a pesca, estaremos à caça de respostas para escolhas tão insensatas.

O ajuste fiscal mal feito

O ajuste fiscal verificado nos primeiros meses do ano – imprescindível para o combate à inflação – se deu pela desaceleração dos investimentos do governo. Os gastos com pessoal continuaram a aumentar.
De janeiro a maio de 2011, as despesas do governo federal (excluindo estatais, mas abrangendo os Três Poderes e o Ministério Público) avançaram 3,4% em relação a 2010, atingindo R$ 284,5 bilhões.
Ao mesmo tempo, em sentido contrário, os investimentos tiveram queda real de 4%.
Os dados são de recente estudo elaborado pelo economista Mansueto Almeida  (foto) , do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O paradoxo é que, para garantir crescimento econômico sustentável, com estabilidade monetária (leia-se controle de inflação), os investimentos em produção e infraestrutura são indispensáveis.
O Brasil já é um dos emergentes que menos investem. E por isso portos, aeroportos, ferrovias e rodovias estão sucateados. Temos PIB forte (sétimo do mundo), mas não promovemos as condições necessárias ao desenvolvimento sustentável.
O crescimento do consumo, decorrente do aumento da renda, sem a contrapartida em aumento da produção, o que pressupõe pesados investimentos em infraestrutura e produção (e no longo prazo), pressiona os preços.
E não é por outra razão que o ajuste fiscal deve ser feito pela contenção dos gastos com pessoal e despesas correntes, e não pelo corte de investimentos.
Sobre o assunto, é válida a leitura do artigo do economista Raul Velloso em O Globo desta segunda-feira (13/06).



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