Aécio Neves, a vítima?
No Brasil, sempre que um político é flagrado fazendo o que é ilegal ou imoral rebate as acusações tentando desqualificar os seus críticos, ou alegando perseguição. Agora é a vez do senador e ex-governador de Minas Aécio Neves, pretenso candidato à Presidência da República, assumir o papel de vítima.
Na verdade, quem assumiu a sua defesa foi a irmã e eminência parda em seu governo, Andréa Neves. Como se sabe, Aécio Neves foi flagrado dia desses no Rio de Janeiro dirigindo com habilitação vencida. Ao ser parado numa blitz, recusou-se a fazer o teste do bafômetro.
A recusa é um direito constitucional, porque ninguém é obrigado a produzir provas contra si. Mas não há como contornar o óbvio: Aécio Neves, esse “prodígio” da política mineira, não se recusaria a fazer o teste do bafômetro se estivesse sóbrio. Qual político iria perder esse marketing indireto, de ser aprovado no teste como simples mortal?
Sua assessoria desmentiu. Disse que, assim que foi constatado que sua habilitação estava vencida, o teste não foi sequer proposto pelos policiais que o pararam. Convenhamos, pouco provável que, constatada uma irregularidade, uma outra possibilidade de infração não fosse checada pelas autoridades responsáveis pela blitz. A quem a assessoria do senador nos toma?
Mas não bastasse, a irmã Andréa veio a público, conforme jornais de hoje, dizer que seu irmão é vítima de “um processo orquestrado para desgastá-lo” e que o caso (do teste do bafômetro que ele se recusou a fazer) já está “devidamente esclarecido”. Na verdade, não há nada esclarecido, apenas as conclusões são óbvias.
Em casos como esse, é comum culpar-se a imprensa pela notícia desfavorável. Mas a “imprensa” não estava dirigindo o carro de Aécio. E nem dirigindo com habilitação vencida. E nem – a se supor, pela negativa em fazer o teste – dirigindo alcoolizada.
Os desafetos de Aécio, tampouco, estavam ao volante. Só quem errou, no caso, foi o próprio. Se o nobre senador não quer ser objeto de notícias desfavoráveis, que ande na linha.
Mais: se seus inimigos vão, daqui por diante, se aproveitar de seu provável “desgaste” em função dos erros que cometeu é um ônus que ele deve enfrentar. Mas acho que nem deve estar muito preocupado com isso, pois sabe que o eleitor brasileiro tem memória curta.
Por sua vez, a jornalista Andrea Neves, antes de vir a público culpar terceiros pelos erros do irmão – repito, pretenso candidato à Presidência da República - deveria puxar-lhe a orelha.
Ora, Aécio tem o vício dos filhos da elite política brasileira: a crença de que a Lei não foi feita para eles. E não foi mesmo, mas está na hora de mudarmos isso!
Prefeitura de Búzios rebate Blogmetamensagem
A Prefeitura de Búzios, por meio de sua Assessoria de Comunicação Social, garante, de forma categórica, que não há esgoto in natura em Búzios. Rebate, desta forma, artigo Meta Mensagem distribuído em 15 de abril último, e publicado neste Blog, que compara Brasil e Búzios e analisa a diferença entre crescimento econômico (PIB) e desenvolvimento.
O artigo ressalta as belezas naturais de Búzios, lembra que o município é rico, porque tem grande arrecadação graças a um forte setor de turismo, além de receber cerca de R$ 40 milhões anuais em royalties de petróleo – afora outros repasses.
Ainda assim, visitando-se Búzios percebe-se todas as mazelas de uma cidade de Terceira Mundo, devido à precária infraestrutura urbana – ou seja, ruas esburacadas e mal sinalizadas; mato crescendo nas calçadas; dificuldades de acesso e de locomoção; línguas negras nas praias, entre outros.
O Brasil é hoje a sétima maior economia do mundo (medindo-se pelo tamanho do Produto Interno Bruto/PIB), mas mesmo assim continua a ser um país subdesenvolvido. Essa condição reflete-se na sua precária infraestrutura.
Voltemos a Búzios, nosso retrato em miniatura do Brasil. O município é rico, mas mesmo assim a cidade revela todas as deficiências inerentes ao subdesenvolvimento.
A Prefeitura de Búzios informou a esse Blog que, da Receita, “apenas” R$ 65,5 milhões/ano (2010) são destinados ao pagamento dos funcionários municipais, cerca de 2,3 mil pessoas. Bem, como a receita – incluindo royalties de petróleo e arrecadação com tributos municipais, como ISS, IPTU e outras taxas – chega a R$ 142 milhões (excluindo-se outros repasses), sobram 77 milhões para custeio da máquina e investimentos.
Mas os investimentos não são feitos, pois a infraestrutura urbana permanece precária. Conclui-se, por óbvio, que Búzios arrecada muito, é um município rico, mas tem má gestão, sendo, por isso, um retrato fiel e em miniatura do Brasil: Rico, porém, subdesenvolvido.
O maior devedor do mundo
O maior devedor do mundo é o Japão, em termos absolutos, ao contrário do que publicado no comentário de ontem. Os EUA têm a maior dívida pública apenas em proporção ao PIB, o que já não é pouco: US$ 14,3 trilhões, com déficit fiscal de US$ 1,5 trilhão este ano.
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