Henrique Meirelles
Em artigo hoje em O Globo (ver link abaixo), o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles desmente as notícias publicadas, no mesmo jornal, na semana passada, de que o presidente Lula teria impedido o BC de aumentar os juros já no fim de 2010.
Meirelles, de forma convincente, mostra que a atuação do BC sob seu comando sempre foi pautada por aspectos técnicos, livre da ingerência política. Esse foi, de fato, um mérito do governo Lula: deixar a área econômica de seu governo funcionar à margem da miopia ideológica do PT. E agindo assim teve inegável sucesso no combate à inflação – ao contrário do que tem demonstrado a sua sucessora, perdida, neste aspecto, entre boa retórica e atitude vacilante.
Aperto monetário
Em visita a Washington, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o país está no meio de um ciclo de aperto monetário. A declaração demonstra responsabilidade. Ora, se o BC lida com expectativas, e se demonstra empenho em puxar os juros para controlar a inflação, significa que está cumprindo o seu papel.
Impossível não destacar, contudo, que declaração de Tombini veio na contramão do discurso da presidente Dilma Rousseff, que, na semana passada, em viagem à China, disse que os juros cairiam em seu governo, porque não é razoável que o Brasil tenha uma das maiores taxas do mundo.
O que podemos fazer como síntese das suas declarações - dando o benefício da dúvida tanto à presidente Dilma Rousseff quanto ao presidente do BC – é que ambos estão articulados e perseguindo os mesmos objetivos. Ambos querem conter a alta dos preços, e sabem que o instrumento indispensável para essa contenção, hoje, é a alta dos juros.
Mas a presidente sabe, também, que o país precisará de taxas de juro menores para o seu desenvolvimento sustentável, no longo prazo. E por isso dá uma declaração cuja perspectiva é o futuro distante em meio a um contexto desfavorável.
Portanto, o que o governo precisa fazer desde já é combater as causas que fazem com que a política monetária seja tão estrita (juros altos). Entre essas causas a principal, a frouxidão fiscal, que tomou conta da máquina pública nos últimos anos, desponta como principal.
Brasil, um balneário insalubre
Um detalhe importante, deixado de fora no artigo Meta Mensagem de sexta-feira passada sobre a insalubre Búzios, é que as receitas do município parecem estar bem abaixo da efetiva arrecadação. Sobretudo, se considerarmos que a cidade está há muitos anos entre os dez destinos turísticos mais procurados no país. O excesso de tributos gera informalidade e evasão fiscal – o que explica a situação sem, evidentemente, servir de justificativa para a sonegação. E, mais uma vez, Búzios volta a ser um exemplo em miniatura do que ocorre no Brasil. Contudo, haveria outras razões para as receitas oficiais estarem tão baixas?
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