Inflação: persiste a incoerência
As contradições do governo no combate à inflação se dão tanto na forma quanto no conteúdo. Na forma, porque o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma taxativamente que a alta de preços que enfrentamos hoje é fruto de “um surto inflacionário internacional”, relacionado às commodities.
As idiossincrasias de Mantega já foram tema de artigo neste blog, em 07 de abril (“trainee na economia”), e de outros comentários sobre inflação.
Na contramão do que afirma o ministro, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já reconheceu, em mais de uma ocasião, que o país vive uma inflação de demanda, ou seja, enfrenta uma pressão sobre os preços resultante do descompasso entre oferta e demanda (muito aquecida) por serviços e produtos.
A falta de conexão de discursos reflete-se no conteúdo. Inflação de demanda combate-se com medidas austeras e desaceleração da economia, via política monetária firme.
Inflação importada, em tese, permitira medidas mais graduais em busca de índices de inflação dentro da meta. E é exatamente o que o BC tem feito, ao projetar para 2012 o enquadramento do índice, permitindo que ele encoste no teto da meta em 2011.
Em resumo, o BC diz que há inflação de demanda, mas segue a cartilha que agrada mais ao ministro Mantega. Este, sonhador e otimista, espera a queda dos preços das commodities internacionais (como se isso fosse de fato acontecer) para que as coisas voltem aos eixos no Brasil.
De acordo com o próprio BC, a inflação chegará a 6,34% este ano, no teto da meta. A previsão no ano passado para o índice ao término de 2011 era de 4,8%. A presidente Dilma Rousseff também disse esta semana que a inflação é uma preocupação permanente de seu governo.
Mas só preocupação não fará os índices caírem. Que tal anunciar um programa de redução dos gastos públicos – fator estrutural de pressão sobre os preços – e permitir que o BC tenha autonomia de fato para forçar o índice para a meta ainda este ano? A propósito, Tombini está preparado para exercer essa autonomia?
Por Nilson Mello
O oportunismo midiático do plebiscito
No programa de debates “3 a 1” , da TV Brasil, exibido no último dia 13 de abril, comento o despropósito de um novo plebiscito sobre a proibição da venda de armas – assunto que havia sido tema de artigo neste blog, naquela mesma data.
A curiosidade, no caso do programa, ficou por conta da convergência de opiniões dos participantes: embora defensores do Estatuto do Desarmamento, todos criticaram a proposta de José Sarney.
Assim, o que era para ser um debate se tornou um ato de reprovação ao oportunismo midiático do senador. E isso em plena TV estatal – o que não deixa de ser uma boa notícia!
Os links do programa estão abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=BdyYNv4Y4ig
http://www.youtube.com/watch?v=VuOhNsNXgi8
http://www.youtube.com/watch?v=TL6zmRczCAA
http://www.youtube.com/watch?v=m3cIzQ-WDLw
http://www.youtube.com/watch?v=6jovX7frhO4
http://www.youtube.com/watch?v=eWi4aDD0Op8
http://www.youtube.com/watch?v=VuOhNsNXgi8
http://www.youtube.com/watch?v=TL6zmRczCAA
http://www.youtube.com/watch?v=m3cIzQ-WDLw
http://www.youtube.com/watch?v=6jovX7frhO4
http://www.youtube.com/watch?v=eWi4aDD0Op8
Implosão no PSDB
O PSDB tenta juntar os cacos. Nesta terça-feira, Walter Feldman, um de seus fundadores, anunciou a saída da legenda. Disse que o partido optou por “sucessão única”, com o governador Geral Alckmin se colocando como candidato a todos os cargos desde meados da década. Seis dos 13 vereadores do partido, em São Paulo, estão se desligando para seguir o rumo do PSD, de Gilberto Kassab. Mas não foram só as reiteradas candidaturas de Alckmin que afundaram o partido. Foi também a sua falta de disposição para se consolidar como um partido nacional, estimulando e fortalecendo lideranças e candidaturas de outros estados. E ainda a sua falta de apetência para defender bandeiras que ajudou – com sucesso – a levantar, como o programa de privatizações.
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