Inflação e crescimento menor – O fraco resultado do PIB em 2011, com crescimento de 2,7%, conforme divulgado nesta terça-feira (06/03) pelo IBGE, contrastando com as otimistas previsões do ministro Guido Mantega, é ruim porque comprova a precariedade da atual política econômica, e não exatamente pelo número em si, considerando o contexto.
Note-se que a economia mundial ainda está em crise, e os países desenvolvidos também exibiram baixo crescimento. Ocorre, contudo, que por trás desses números brasileiros há um modelo econômico equivocado, que compromete a eficiência e o desenvolvimento.
A redução da taxa de juros que vem sendo operada pelo Banco Central atenua efeitos da crise global, prevenindo uma recessão interna, mas por si só não sustenta crescimento. Nenhuma economia pode deslanchar com juros altos. Por outro lado, nenhum país pode ter uma economia saudável com inflação. Juro alto, no caso, é remédio. Lembre-se que a inflação no Brasil permanece no teto da meta (6,5%). Temos muito consumo, mas limitada expansão da capacidade de produção.
Faltam investimentos para o desenvolvimento sustentável. A China investe cerca de 40% de seu PIB; o Brasil, algo em torno de 17%. Seria necessário investir ao menos 25% para ter crescimento de PIB anual nos patamares pretendidos pelo ministro Mantega (de 5%), sem risco inflacionário. Mas o setor público gasta muito – e mal – os recursos obtidos com a forte tributação (na casa dos 37% do PIB). E esses gastos excessivos não abrem espaço para os necessários investimentos.
Eis aí um “be-a-bá” que merece ser martelado!
Sem investimentos, não há como melhorar a infraestrutura. Não há como eliminar gargalos e custos da cadeia produtiva. Gargalos que também pressionam a inflação e que impedem as empresas brasileiras de serem competitivas no mercado exterior, sobretudo num momento em que a moeda brasileira tende a permanecer valorizada.
Taxa de juros elevada atrai para o país recursos financeiros, contribuindo para essa valorização. Mas como impor redução mais significativa dos juros em meio a um ambiente de pressão de demanda, com inflação no teto da meta? Repito: política monetária restritiva é remédio. A saída seria o governo gastar menos.
Gastando menos, poderia investir mais e, gradualmente, promover uma redução da tributação capaz de levar o setor privado a também ampliar os seus investimentos.
Mas gastar menos é algo que nossos governos não conseguem fazer. Por isso somos a sexta maior economia do mundo, porém, longe do pleno desenvolvimento.
Sobre o tema, sugiro ler o editorial “O PIB da ineficiência”, no Estado de S. Paulo desta quarta-feira. Link abaixo:
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