O tom do encontro entre Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff neste sábado, em Brasília, será obviamente muito cordial. Contudo, é difícil prever se o presidente americano adotará a informalidade que o fez reverenciar o presidente Lula como "o cara" e "o político mais popular do mundo", durante uma das reuniões do G-20 - e diante de um secretário do Tesouro, Timothy Geithner, visivelmente constrangido – ou se tomará postura mais protocolar, como a adotada na visita do presidente brasileiro à Casa Branca, em março de 2009.
Os vídeos em links abaixo nos ajudam a relembrar esses dois encontros.
Na Casa Branca, Obama, sentado ao lado de Lula, fez questão de lembrar a velha amizade entre os dois países e o fortalecimento de uma agenda bilateral compatível com a progressiva liderança do país "na América Latina e no Mundo".
Foi uma fala na linha do que disse, há meio século, um velho senador brasileiro, ex-embaixador em Washington, quando afirmou “o que é bom para os EUA, é bom para o Brasil” - no que pode ser considerada uma pérola de discurso diplomático pragmático, contudo, proferido ao arrepio do senso de relatividade.
Está claro que o presidente Obama não deverá puxar Dilma pelo braço, como chegou a fazer com Lula – e tampouco será puxado por ela.
Que do encontro possam se concretizar promissores acordos bilaterais, sobretudo na área de energia, valorizando uma relação comercial que é indispensável para qualquer país do mundo, é o que se espera. Não deixará de ser uma evoluçã à política que vinha sendo reforçada pelo "novo" Itamaraty, de valorização das relações Sul-Sul - ainda que sem qualquer proveito para o Brasil.
Num capítulo à parte, a visita de Obama ao Rio de Janeiro trará transtornos adicionais ao carioca. E não me refiro a eventuais problemas no trânsito, que certamente ocorrerão, mas ao fortalecimento da tola crença da população na “centralidade” do Rio de Janeiro, um bairrismo exacerbado e auto-suficiente que a impede de ver como a cidade se tornou decadente, suja e mal tratada. Na verdade, uma visita de um presidente americano, como a que Obama fará ao Rio, não representa nada além disso. Mas o carioca não perde a chance de superestimar a importância e o papel do Rio de Janeiro para o Brasil - e para o Universo. E isso é o que impede a cidade de progredir.
Para completar, Barack Obama será levado a uma favela, provavelmente a Cidade de Deus, como se houvesse algum mérito em mostrar a um chefe de Estado estrangeiro nossas mazelas – ainda que mazelas mal remediadas por programas como as UPPs, que, aliás, pela sua própria existência, só provam todo nosso fracasso como sociedade.
Nada a fazer. Visitar favela virou uma ridícula tradição no Rio de Janeiro, como se todo o restante da cidade fosse digna de Primeiro Mundo...
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