Herança maldita: inflação
A demanda acima da capacidade de produção da economia é a principal causa da inflação. O consumo no Brasil continua aquecido, mas a estrutura produtiva do país encontra-se no limite do esgotamento, o que eleva os custos.
A deficiência de portos, rodovias e ferrovias é um fator que mina a capacidade de produção e, em última análise, pressiona a inflação.
Válido lembrar que a estabilidade econômica alcançada pelo país com a criação do Plano Real, ainda no governo Itamar, garantiu à população melhoria gradativa em sua renda.
Contudo, essa estabilidade, com o consequente crescimento da economia, em especial no governo Lula, não teve a contrapartida em investimentos em produção compatíveis com nossas demandas.
Como se sabe, o governo Lula preferiu inchar a máquina pública. O impacto no aumento do consumo criou uma ilusão que agora começa a se dissipar com a volta da alta dos preços.
As previsões do IPCA para este ano beiram os 6% e todos nós já percebemos no bolso o clima de indexação e espiral de alta quando vamos ao supermercado ou entramos num restaurante. Inflação corrói a renda e compromete o desenvolvimento.
Como não houve disposição para uma política fiscal mais responsável, que reduzisse os gastos públicos, e tampouco um programa de investimentos de longo prazo, que aumentasse a capacidade de produção da economia (eliminando os gargalos e os seus custos inerentes), o que sobrou foi a adoção de uma política monetária mais restritiva - aumento da taxa de juros. Mas já há indícios de que ela também será negligenciada.
Ninguém gosta de juro alto (ou talvez uns poucos), mas ele é o remédio amargo para conter a inflação, quando o paciente deixou de tomar providências profiláticas, como diminuição de gastos de custeio e destinação de mais investimentos para aumentar da capacidade produtiva.
Por Nilson Mello
Nenhum comentário:
Postar um comentário