quinta-feira, 19 de julho de 2012

Comentário do Dia




             O avião preterido da Embraer

O Aerodilma – Até a torcida do Flamengo deveria saber que o Airbus (A-319) comprado pelo governo há sete anos para servir de avião oficial da Presidência da República tinha autonomia limitada. Agora, o governo já fala em adquirir novo avião presidencial, com autonomia maior, para que a presidente Dilma Rousseff possa ir à Ásia sem escalas. O Aerolula (A-319) custou US$ 56,7 milhões. Um valor nada desprezível, sobretudo se considerarmos que o avião oficial é uma mordomia absolutamente dispensável.



País democrático, que cobra muito de seus cidadãos em tributos, e que enfrenta restrições orçamentárias e grandes desafios em áreas essenciais como saúde, saneamento e educação, não deveria mimar o governante com tal luxo. Mas, uma vez que decide fazê-lo, por que não dar prioridade ao produto nacional.

O Embraer 195, fabricado no Brasil, por empresa brasileira, e que aparece na foto acima deste texto, tem autonomia similar ao do A-319. Por sinal, os dois modelos são usados por empresas concorrentes no transporte aéreo doméstico.

Quando o governo Lula optou pelo modelo estrangeiro anos atrás, descartando o nacional, o argumento foi a maior autonomia do primeiro em relação ao segundo. Autonomia ligeiramente maior, como apontavam especialistas. Uma sondagem dissimulada, enviada em ofício à Embraer, indagava se a empresa poderia fornecer avião comercial de longo alcance para servir à Presidência da República.

A resposta ao ofício, negando a disponibilidade de tal aeronave, como já era de conhecimento do mercado, foi a deixa que o governo precisava para escolher o A-319, da francesa Airbus. Sabe-se lá a razão da preferência. Pois até o estafeta que serve o café na Base Aérea de Brasília diria que o A-319, a exemplo do Embraer 195, é um jato comercial regional. E, como tal, em voo mais longo, decolando com tanques cheios e carga máxima, as escalas são inevitáveis.

Agora o governo decidiu pôr fim ao “desconforto”. E eis que já trabalha na encomenda de um avião de grande porte – talvez um Boeing 767 ou um Airbus A-330 – para servir à Presidência da República. O A-319 terá, portanto, carreira mais efêmera e menos digna que seus antecessores – os famosos Sucatão e Sucatinhas, Boeings 707 e 737, que serviram por décadas à Presidência da República e hoje cumprem outras funções de transporte na FAB.

O Brasil é uma República em que o chefe de Estado é tratado como monarca; e os contribuintes, como súditos. Por isso não há respeito com o dinheiro que arrecadamos em impostos, como cmprova esse episódio.
 

Por Nilson Mello




Nenhum comentário:

Postar um comentário