O avião preterido da Embraer
O Aerodilma – Até a torcida do Flamengo deveria saber que o
Airbus (A-319) comprado pelo governo há sete anos para servir de avião oficial
da Presidência da República tinha autonomia limitada. Agora, o governo já fala
em adquirir novo avião presidencial, com autonomia maior, para que a presidente
Dilma Rousseff possa ir à Ásia sem escalas. O Aerolula (A-319) custou US$ 56,7
milhões. Um valor nada desprezível, sobretudo se considerarmos que o avião
oficial é uma mordomia absolutamente dispensável.
País democrático, que cobra
muito de seus cidadãos em tributos, e que enfrenta restrições orçamentárias e
grandes desafios em áreas essenciais como saúde, saneamento e educação, não deveria
mimar o governante com tal luxo. Mas, uma vez que decide fazê-lo, por que não
dar prioridade ao produto nacional.
O Embraer 195, fabricado no
Brasil, por empresa brasileira, e que aparece na foto acima deste texto, tem
autonomia similar ao do A-319. Por sinal, os dois modelos são usados por
empresas concorrentes no transporte aéreo doméstico.
Quando o governo Lula optou
pelo modelo estrangeiro anos atrás, descartando o nacional, o argumento foi a
maior autonomia do primeiro em relação ao segundo. Autonomia ligeiramente maior, como apontavam especialistas. Uma sondagem dissimulada,
enviada em ofício à Embraer, indagava se a empresa poderia fornecer avião
comercial de longo alcance para servir à Presidência da República.
A resposta ao ofício,
negando a disponibilidade de tal aeronave, como já era de conhecimento do
mercado, foi a deixa que o governo precisava para escolher o A-319, da francesa
Airbus. Sabe-se lá a razão da preferência. Pois até o estafeta que serve o café
na Base Aérea de Brasília diria que o A-319, a exemplo do Embraer 195, é um
jato comercial regional. E, como tal, em voo mais longo, decolando com
tanques cheios e carga máxima, as escalas são inevitáveis.
Agora o governo decidiu pôr
fim ao “desconforto”. E eis que já trabalha na encomenda de um avião de grande
porte – talvez um Boeing 767 ou um Airbus A-330 – para servir à Presidência da
República. O A-319 terá, portanto, carreira mais efêmera e menos digna que seus
antecessores – os famosos Sucatão e Sucatinhas, Boeings 707 e 737, que serviram
por décadas à Presidência da República e hoje cumprem outras funções de
transporte na FAB.
O Brasil é uma República em
que o chefe de Estado é tratado como monarca; e os contribuintes, como súditos.
Por isso não há respeito com o dinheiro que arrecadamos em impostos, como cmprova esse episódio.
Por Nilson Mello
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