Oferta e demanda sobre os salários
Melhores salários na indústria
Prova de que uma desregulamentação do mercado de trabalho não traria prejuízo aos assalariados – muito ao contrário – pode ser extraída de recente levantamento que aponta aumentos salariais bem superiores aos índices de inflação na indústria por conta exclusiva da maior demanda por mão de obra.
Não é novidade para ninguém que a nossa legislação trabalhista - originada na era Vargas e, por essa razão, protecionista - cria obrigações excessivs que encarecem o emprego. Contratar no Brasil é uma árdua tarefa.
A justificativa é proteger o trabalhador, visto como “hipossuficiente”, valorizando o emprego, mas o resultado é justamente o inverso: menos postos de trabalho ou salários mais baixos e, invariavelmente, a combinação de ambos, com aumento da informalidade, ou seja, um efeito colateral muito prejudicial à sociedade.
Pois bem, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do governo federal revelam que os salários de contratação na indústria cresceram 12% nos últimos 12 meses, enquanto a inflação oficial (IPCA/IBGE) bateu 6,7% no período.
Houve quem ficasse alarmado com esses números, sobretudo pelo impacto na inflação (ver nota abaixo). Contudo, aumento salarial decorrente de aumento de produção – ou para suportar o aumento da produção – é bem-vindo uma vez que contribui para o crescimento sustentável da economia. Significa que a necessidade de produzir supera os obstáculos legais impostos ao empregador.
Diante desse contexto, o que o governo deveria fazer é criar mecanismos que estimulem a produção, eliminando os gargalos que pressionam os custos e, por conseqüência, geram inflação. Um desses gargalos é a legislação trabalhista.
Aumento de salário deletério e perigoso é aquele atrelado à indexação, pois cria uma camisa de força para a economia – um artificialismo que conflita com a produtividade. Não é o caso dos aumentos identificados pelo Caged.
Uma reforma trabalhista que venha a diminuir os custos da contratação teria efeito multiplicador na economia, com desdobramentos positivos sobre a renda e, por extensão, sobre a própria arrecadação, que sairia robustecida pelo aumento da formalidade decorrente de tal medida. A eventual perda de receita fiscal decorrente da redução de encargos estaria compensada pelo aumento da arrecadação provocado pela melhoria da massa salarial e pela redução da informalidade.
Sim, porque num mercado de contratação livre, em economia estável, a demanda por mão de obra sobe. E com ela sobem os salários dos trabalhadores. O que não é mais possível é o empregador pagar tantos encargos sobre o salário e a economia permanecer ancorada na informalidade.
Por Nilson Mello
Inflação
O ritmo da inflação diminuiu nos últimos dois meses, se comparado às pressões do primeiro trimestre, mas os riscos ainda não estão afastados. (O assunto foi objeto de uma série de comentários e artigos neste blog desde o início de ano e podem ser acessados pela ferramenta de pesquisa na barra lateral direita).
Os índices voltam a ser uma preocupação se considerarmos o alto grau de indexação da economia, bem como o calendário de ajustes salariais que aponta para a data-base de categorias com forte poder de negociação, como os bancários, a partir de agosto.
O IPCA de junho ficou em 0,15%. Boa parte dos analistas não acredita que será possível voltar ao centro da meta de inflação, de 4,5%, já em 2012, com a economia crescendo a taxas superiores a 4% ao ano - projeções para 2011/2012. E é por isso que o governo deveria cada vez mais se preocupar em eliminar custos da cadeia produtiva - custos esses que impactam os preços.
A inflação em 2011 está 0,13% mais alta do que em 2010. No acumulado dos últimos 12 meses, já estourou o topo da meta (6,5%), alcançando 6,5%. Isso significa que o Comitê de Política Monetária (COPOM) deverá manter o ritmo e alta dos juros (em 0,25%) nas reuniões de julho e agosto
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