quinta-feira, 26 de maio de 2011

COMENTÁRIO DO DIA

Lula, o bombeiro

     Quem avisa amigo é. E, “bom amigo”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a articulação do governo para abafar a crise política gerada pelas notícias em torno do rápido enriquecimento do ministro Antonio Palocci. Deixou um alerta claro e direto a seu protegido:
     “Sua situação no Congresso não é boa. Há imensa insatisfação com sua conduta”.
     O tom dá a dimensão do desconforto do Planalto com a “situação” do principal ministro do governo.
     Antonio Palocci, como se sabe, conseguiu multiplicar por 20 o seu patrimônio no período em que foi deputado federal e integrante do primeiro governo petista.
A propósito, por que “há enorme insatisfação no Congresso” com a conduta do ministro? Parlamentares não se preocupam com a conduta moral de ministros - desde que os ministros, claro, não contrariem os seus interesses.
Esclarecer as razões que movem os acusadores passa a ser tão importante quanto descobrir de que forma o ministro ganhou tanto dinheiro - e em tão pouco tempo.
Na tentativa de afastar as suspeitas que recaem sobre Palocci, o senador Francisco Dornelles, do PP governista, tem uma explicação peculiar – e diversionista, como de hábito. Segundo ele, o governo Dilma, menos afeito à auto-promoção do que a gestão anterior, abriu espaço para o noticiário negativo.
Com o seu estilo curto e grosso, Lula foi mais direto - sem ter sido menos diversionista – e logo avisou: isso é coisa da oposição derrotada, interessada num terceiro turno das eleições. Lula saberá como poucos avaliar o custo-benefício de seu papel de articular e até onde poderá ir com a defesa do ministro sem sair chamuscado.
Enquanto isso tome barganha e negociação. Sabe-se lá que cartas serão colocadas na mesa. O certo é que uma blindagem que implique tantas articulações e envolva tantas legendas – da base do governo ou não – e, sobretudo, que dependa do envolvimento do PMDB, não pode sair barato.
Por isso, Lula já advertiu: “Tome cuidado, Palocci”!

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