Nero e Bolsonaro
O último imperador romano
não foi Nero, como “informou” a reportagem da Globonews nesta segunda-feira 30
de março (reprisada hoje cedo), comparando-o a Bolsonaro, mas Flávio Romulo
Augusto, de apenas 15 anos. Naquela época, 475 DC, o Império do Ocidente já
estava desabando, pressionado pelas “invasões bárbaras”, em especial pelos
hérulos, tribo germânica liderada por Odoacro.
Roma caiu em 476, o que
marca o início da Idade Média, que duraria até a queda de Constantinopla
(Bizâncio), o Império do Oriente, em 1453, tomada pelos otomanos do sultão
Mohamed II. Tem início aí outro Império, o Otomano, que duraria até o início do
Século XX, após sair enfraquecido da Primeira Guerra Mundial.
O Império Otomano
rivalizou, ao longo dos séculos, com o Império Austro-Húngaro e com as grandes
potências ocidentais, em especial Inglaterra e França. Mas isso é um parêntese
histórico. Sobre Nero, ou Nero Claudio Cesar, vale dizer que governou no início
da Era Cristã, entre 54 e 68 DC, de acordo com Suetônio (“A vida dos 12
Césares”, Ediouro - foto), tendo sido sucedido por outros tantos imperadores -
Galba, Óton, Vespesiano, Domiciano...
A analogia entre Nero e
Bolsonaro é em parte válida. O presidente coloca fogo no próprio governo, ao ir
contra orientações de seu Ministério da Saúde, não exatamente no país, já que
as instituições continuam funcionando a contento. Há dúvidas, entre historiadores,
se Nero realmente incendiou Roma ou se “apenas” assistiu à sua destruição
passivamente enquanto tocava flauta.
O que é certo, e nos causa
repulsa, é que executou a própria mãe, Agripina (irmã de Calígula), de quem
fora amante. A obra mencionada é um clássico de fácil leitura, escrita por um
contemporâneo, razão de seu sucesso até os dias de hoje. Os dados históricos -
como quem foi o último imperador - são checáveis no Google, algo que a
reportagem da Globonews poderia ter feito. (Por
Nilson Mello)
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