A defesa
incondicional da Democracia e do Estado de Direito
O bom senso diz que
Presidente da República não tem que participar de atos públicos, carreatas ou
qualquer outro tipo de manifestação. É algo que vai além da simples preservação
da liturgia do cargo. Porque, se tais atos e manifestações são ao seu favor e
de seu governo, sua presença se torna desnecessária, além de soar ridícula, por
representar um culto à própria personalidade.
Por outro lado, se
são contra outros Poderes constituídos, podem, na melhor das hipóteses, dar
margem de uma mensagem dúbia no que diz respeito à defesa da Democracia (assim
mesmo, com caixa alta) e, na pior, uma afronta direta à Constituição Federal,
abrindo espaço, mais uma vez, para discussões acerca de um eventual processo de
impeachment e para mais desgaste político - tudo o que seus adversários desejam
e tudo o que o Brasil não precisa neste momento.
A participação em
manifestações públicas torna-se ainda mais desaconselhável tendo em vista o
momento crítico que o país enfrenta, bem como as próprias medidas de
distanciamento social em face da Covid-19.
Por essa razão
causa perplexidade o fato de não ter havido, no círculo dos auxiliares mais
próximos do Planalto, alguém que dissesse “presidente, não vá!"; sendo, é
válido ressaltar, perfeitamente plausível que um ou mais desses assessores
tenha efetivamente dito "não vá!", sem, contudo, vencer a teimosia
presidencial.
Menos mal que o próprio
presidente da República na manhã desta segunda-feira (20/04), percebendo o
equívoco da conduta deste domingo, ratificou o seu compromisso com a ordem
democrática, bem como o respeito aos demais poderes da República, com a
seguinte declaração:
“Sem essa conversa
de fechar. Aqui não tem que fechar nada, dá licença aí. Aqui é democracia, aqui
é respeito à Constituição brasileira. E aqui é minha casa, é a tua casa. Então,
peço, por favor, que não se fale isso aqui. Supremo aberto, transparente.
Congresso aberto, transparente”, afirmou Bolsonaro (Estado de S. Paulo, em
20/04).
Teria sido tão mais
fácil evitar o desgaste e o comportamento dúbio. A credibilidade de um
presidente depende não apenas de suas falas, mas de seus atos. Não é supérfluo
acrescentar que uma das maiores garantias que temos hoje de manutenção da
Democracia está justamente nas Forças Armadas. Intervenção militar e volta do AI-5 são ideias de aloprados.
Por Nilson Mello
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