terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O contraditório


Alguns me perguntam por que deixo pessoas que divergem de minhas opiniões postarem comentários nas minhas páginas nas redes sociais. A resposta é simples: porque tenho apreço pelo debate e sou seguro de minhas posições. Desde que não haja ofensas, principalmente a outros participantes, toda a discussão é válida em busca da síntese.
Também me perguntam por que faço críticas ao governo Bolsonaro, ao mesmo tempo em que defendo a maior parte de suas medidas, sobretudo na área econômica. A resposta é ainda mais simples: porque não tenho alinhamento automático com este ou qualquer outro governo. Não tenho compromisso com erros.
Se seguisse caminho diferente, estaria adotando postura idêntica à daqueles que tanto crítico - em especial, petistas e aliados, que até hoje fecham os olhos aos desvios e desmandos dos governos Lula e Dilma.
Esta semana fui cobrado por me empenhar em ser isento. Recebi o comentário como elogio, embora tenha sido feito em tom de crítica. Havia no comentário uma clara insinuação de indefinição de minha parte. Ora, ser ponderado é uma atitude, significa assumir uma posição. 
A análise dos fatos políticos e econômicos exige uma abordagem racional, livre das paixões ideológicas e da radicalização, ainda que cada qual tenha à sua própria visão de mundo, que deve ser respeitada.
Infelizmente, nem todos estão preparados para o debate civilizado. O interlocutor passional, aquele que está cego pelas crenças políticas, “desmancha o tabuleiro” quando começa a perder o jogo, ou seja, assim que percebe que seus argumentos não têm amparo na realidade factual. Invariavelmente, partem para as ofensas. Esses, claro, não são bem vindos aos espaços democráticos, virtuais ou não.
Contudo, ainda com esse risco, vale o esforço pelo contraditório. Porque sem ele não é possível aprimorar práticas públicas ou depurar o processo político. 
(por Nilson Mello).




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