Nexo causal
Boulos: erro de diagnóstico
Se o candidato Guilherme Boulos pretende
enfrentar a “República dos Bancos”, como tem reiterado em discursos, o primeiro
passo é reconhecer o abismo fiscal no qual o Brasil despencou, e a partir daí trabalhar
em prol de projetos e programas que reduzam o tamanho do Estado, bem como as
despesas públicas, revertendo a trajetória de déficits exponencialmente
crescentes.
Em suma, ele tem que adotar um programa de
governo oposto ao que prega o seu partido. Porque a razão de os juros serem
tão altos (e o sistema financeiro lucrar tanto) no Brasil está no grande
endividamento do Estado. Juros altos não são resultado da ganância dos
banqueiros, mas sim do descontrole orçamentário.
Com um grande e
voraz devedor, que é o setor público, sempre ávido por mais empréstimos, o
“preço” (leia-se taxa de juro) dos recursos financeiros tenderá a ser
constantemente mais alto. É uma questão econômica ou, antes disso, matemática,
e não ideológica. Não depende de atos de vontade.
Os juros e,
cumulativa ou alternativamente, a inflação são problemas que afetam a economia
brasileira devido ao descontrole fiscal. Desde a Constituição de 1988, temos um
Estado generoso em benefícios, direitos e privilégios que não cabe no orçamento
público, ainda que a carga tributária já alcance quase 40% de nosso Produto
Interno Bruto.
Quem paga a conta é
o contribuinte que não tem acesso a esses benefícios, direitos e privilégios: o
assalariado do setor privado, os autônomos, os pequenos empreendedores, o homem
do campo, ou seja, a grande massa de brasileiros.
Se o governo gastar
menos (e melhor), pouco importa se há ou não banqueiros - ou outros tipos de
indivíduos gananciosos. Sem
déficit fiscal, juros diminuem e sobram recursos para o essencial: saúde,
educação, saneamento e segurança.
Por Nilson Mello
Nenhum comentário:
Postar um comentário