quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Artigo


Nexo causal

Boulos: erro de diagnóstico

    Se o candidato Guilherme Boulos pretende enfrentar a “República dos Bancos”, como tem reiterado em discursos, o primeiro passo é reconhecer o abismo fiscal no qual o Brasil despencou, e a partir daí trabalhar em prol de projetos e programas que reduzam o tamanho do Estado, bem como as despesas públicas, revertendo a trajetória de déficits exponencialmente crescentes.
    Em suma, ele tem que adotar um programa de governo oposto ao que prega o seu partido. Porque a razão de os juros serem tão altos (e o sistema financeiro lucrar tanto) no Brasil está no grande endividamento do Estado. Juros altos não são resultado da ganância dos banqueiros, mas sim do descontrole orçamentário.
    Com um grande e voraz devedor, que é o setor público, sempre ávido por mais empréstimos, o “preço” (leia-se taxa de juro) dos recursos financeiros tenderá a ser constantemente mais alto. É uma questão econômica ou, antes disso, matemática, e não ideológica. Não depende de atos de vontade.
    Os juros e, cumulativa ou alternativamente, a inflação são problemas que afetam a economia brasileira devido ao descontrole fiscal. Desde a Constituição de 1988, temos um Estado generoso em benefícios, direitos e privilégios que não cabe no orçamento público, ainda que a carga tributária já alcance quase 40% de nosso Produto Interno Bruto.
    Quem paga a conta é o contribuinte que não tem acesso a esses benefícios, direitos e privilégios: o assalariado do setor privado, os autônomos, os pequenos empreendedores, o homem do campo, ou seja, a grande massa de brasileiros.
    Se o governo gastar menos (e melhor), pouco importa se há ou não banqueiros - ou outros tipos de indivíduos gananciosos. Sem déficit fiscal, juros diminuem e sobram recursos para o essencial: saúde, educação, saneamento e segurança.

Por Nilson Mello



Nenhum comentário:

Postar um comentário