Ou, o regime político iniciado em 1964 não somente teve amplo respaldo social como sem o qual não teria sido possível. Pode-se dizer que os militares, dentro do contexto da época, foram, na essência, o instrumento da ruptura, amparados por expressivas camadas da sociedade e entidades de grande prestígio e representatividade, como a OAB e a CNBB.
Para quem ingenuamente acredita que o regime político que perdurou de 1964 até o início dos anos 1980 foi um movimento estritamente “militar”, como se isso fosse possível (aqui ou alhures), convém ler o artigo do historiador Daniel Aarão Reis publicado em O Globo do último dia 31.
Regimes de exceção são por definição ruins em qualquer hipótese, razão pela qual devemos trabalhar pelo aperfeiçoamento de nossa ineficiente democracia. Mas considerar tais regimes como causa e não como conseqüência é, no mínimo, um arroubo de ingenuidade que não devemos mais nos permitir.
Até porque, se não for arroubo de ingenuidade é, com certeza, desonestidade intelectual, algo que não falta ao nosso meio acadêmico com efeitos deletérios nos meios de comunicação, hoje sempre prontos a repetir o discurso fácil ao invés de se dedicar a uma adequada reflexão crítica.
Aconselho, portanto, a leitura do lúcido artigo de Aarão Reis, exceção à regra, acessível no link abaixo:
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