O voo
interceptado da FAB
O ato de
associar um traficante fardado, travestido de militar - e que a partir de agora
será processado, julgado, condenado e expulso da FAB - ao governo Bolsonaro ou,
mais que isso, a um esquema de tráfico de entorpecentes gerido pelo círculo
presidencial, decorre certamente de uma dessas duas características abaixo
(quando não das duas ao mesmo tempo):
1. Uma total imaturidade política, da qual se
desdobra um desconhecimento completo do que seja o funcionamento da máquina pública;
2. Uma leviandade pueril. Ou seja, uma canalhice, mas uma canalhice primária.
Quando
os críticos se atêm a fatos como este, sem qualquer relevância (repito: sem qualquer
relevância para o país e o seu futuro), podemos concluir que não estão
capacitados para discutir o Brasil de forma séria e madura. E isso é lamentável
porque este governo e este país precisam de crítica qualificada.
Pensar
de forma diferente do diagnóstico acima equivaleria a assumir que o governo
Bolsonaro não tem falhas nem grandes desafios a superar - o que não é de forma
alguma o caso -, e que por essa razão podemos perder tempo com questões
secundárias, sem importância.
Esses
aspectos considerados, não devemos descartar ainda uma terceira hipótese, a de
que eles - os críticos oportunistas do episódio - dominam, na verdade, as
peculiaridades da vida política e entendem perfeitamente o funcionamento da
máquina pública, mas, por questões indeclináveis, são adeptos da teoria do
"quanto pior, melhor" - o que faz com que a canalhice indicada na
opção "2" seja muito maior e nada tenha de infantil.
Sobre
o sargento traficante, é razoável supor que já fizesse isso há muito tempo, e por
isso baixou a guarda, sendo flagrado no exagero. Não se deve eliminar a
possibilidade de ter sido maliciosamente estimulado a relaxar nos cuidados, por
quem tivesse interesse na interceptação.
Interceptar
é um verbo que entrou em moda nas últimas semanas. Sem abraçar uma teoria
conspiratória, esta é uma hipótese que também não pode ser eliminada: estava
acostumado a fazer sem que ninguém o importunasse no destino - e justamente
agora foi flagrado.
Por
fim, deve-se reconhecer que é inadmissível que tripulantes de aviões que servem
à Presidência da República - ou a outras autoridades - embarquem suas bagagens
sem controle e revista, sobretudo, em voos internacionais. Ainda que os aviões
sejam da FAB e os tripulantes, militares - ou justamente por essas duas razões.
Uma falha de segurança surpreendente. Mas, como dito de início, esta é uma
questão menor diante dos desafios que temos à frente.
Por
Nilson Mello
Excelentes considerações Nilson.
ResponderExcluirExcelente Nilson!
ResponderExcluirDe acordo.
ResponderExcluirObrigado
ExcluirNilson o país precisa com urgência de uma agenda positiva além da reforma da previdência.....
ResponderExcluirOi Claudinha, esta agenda está aí: as licitações dos portos estão em andamento; o novo modelo de concessão de rodovias idem; em setembro, haverá os leilões do setor de petróleo e gás,depois de muito tempo; reestruturação do setor elétrico em curso; privatizações também em curso, sobretudo no setor Petrobras; acordo comercial com a UE fechado e com o Japão e a China em vias de ser fechado; Política fiscal reordenada e com isso, queda da taxa básica de juros; Bolsa em alta em função da maior credibilidade na política fiscal; inflação sob controle... Reforma Tributária já em vias de ser encaminhada ... O problema é que o estrago foi grande e por isso o país vai demorar um pouco a retomar o ritmo...mas as coisas estão sendo feitas
ExcluirQuando for investigada a evolução patrimonial do sargento no Brasil e no Exterior se poderá calcular o momento em que começou a atuar no tráfico de drogas.
ResponderExcluirSim, possivelmente.Abrcs
ExcluirMuito bom. Concordo plenamente.
ResponderExcluirObrigado.Qual é o seu nome? Abraços
ExcluirNilson