quinta-feira, 27 de junho de 2019

Artigo


O voo interceptado da FAB
 

     O ato de associar um traficante fardado, travestido de militar - e que a partir de agora será processado, julgado, condenado e expulso da FAB - ao governo Bolsonaro ou, mais que isso, a um esquema de tráfico de entorpecentes gerido pelo círculo presidencial, decorre certamente de uma dessas duas características abaixo (quando não das duas ao mesmo tempo):

     1. Uma total imaturidade política, da qual se desdobra um desconhecimento completo do que seja o funcionamento da máquina pública; 2. Uma leviandade pueril. Ou seja, uma canalhice, mas uma canalhice primária.

    Quando os críticos se atêm a fatos como este, sem qualquer relevância (repito: sem qualquer relevância para o país e o seu futuro), podemos concluir que não estão capacitados para discutir o Brasil de forma séria e madura. E isso é lamentável porque este governo e este país precisam de crítica qualificada.

    Pensar de forma diferente do diagnóstico acima equivaleria a assumir que o governo Bolsonaro não tem falhas nem grandes desafios a superar - o que não é de forma alguma o caso -, e que por essa razão podemos perder tempo com questões secundárias, sem importância.

    Esses aspectos considerados, não devemos descartar ainda uma terceira hipótese, a de que eles - os críticos oportunistas do episódio - dominam, na verdade, as peculiaridades da vida política e entendem perfeitamente o funcionamento da máquina pública, mas, por questões indeclináveis, são adeptos da teoria do "quanto pior, melhor" - o que faz com que a canalhice indicada na opção "2" seja muito maior e nada tenha de infantil.

    Sobre o sargento traficante, é razoável supor que já fizesse isso há muito tempo, e por isso baixou a guarda, sendo flagrado no exagero. Não se deve eliminar a possibilidade de ter sido maliciosamente estimulado a relaxar nos cuidados, por quem tivesse interesse na interceptação.
    Interceptar é um verbo que entrou em moda nas últimas semanas. Sem abraçar uma teoria conspiratória, esta é uma hipótese que também não pode ser eliminada: estava acostumado a fazer sem que ninguém o importunasse no destino - e justamente agora foi flagrado.

    Por fim, deve-se reconhecer que é inadmissível que tripulantes de aviões que servem à Presidência da República - ou a outras autoridades - embarquem suas bagagens sem controle e revista, sobretudo, em voos internacionais. Ainda que os aviões sejam da FAB e os tripulantes, militares - ou justamente por essas duas razões. Uma falha de segurança surpreendente. Mas, como dito de início, esta é uma questão menor diante dos desafios que temos à frente.

Por Nilson Mello

     

   

10 comentários:

  1. Nilson o país precisa com urgência de uma agenda positiva além da reforma da previdência.....

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    1. Oi Claudinha, esta agenda está aí: as licitações dos portos estão em andamento; o novo modelo de concessão de rodovias idem; em setembro, haverá os leilões do setor de petróleo e gás,depois de muito tempo; reestruturação do setor elétrico em curso; privatizações também em curso, sobretudo no setor Petrobras; acordo comercial com a UE fechado e com o Japão e a China em vias de ser fechado; Política fiscal reordenada e com isso, queda da taxa básica de juros; Bolsa em alta em função da maior credibilidade na política fiscal; inflação sob controle... Reforma Tributária já em vias de ser encaminhada ... O problema é que o estrago foi grande e por isso o país vai demorar um pouco a retomar o ritmo...mas as coisas estão sendo feitas

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  2. Quando for investigada a evolução patrimonial do sargento no Brasil e no Exterior se poderá calcular o momento em que começou a atuar no tráfico de drogas.

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