O socialismo moreno
do século XXI
A previsão
de queda do PIB da Venezuela em 2018 é de 6%, com inflação de 2.300%. É isso
mesmo que você leu: dois mil e trezentos por cento. Um cenário que tem ainda
desemprego em massa (38%), desabastecimento e, claro, multiplicação da miséria
em um país potencialmente rico. Em 2017, a queda do PIB venezuelano foi de 15%,
com inflação de 652,7%. Repare que esses dados acima, divulgados pelo FMI, são
até otimistas.
Sim,
porque a Comissão de Finanças da Assembleia Nacional (Congresso venezuelano)
calcula queda de 30% do PIB para este ano, com um índice de inflação de 14.000%
- na verdade, uma hiperinflação que caminha para patamares comparáveis aos da
República de Weimar.
O que
causou este colapso econômico na Venezuela?
Resposta: uma
política econômica de orientação intervencionista e estatizante, o controle dos
meios de produção pelo governo, a negação das regras de mercado (aquelas
capazes de garantir eficácia à atividade econômica), em suma, o socialismo
bolivariano, expressão do socialismo moreno do século XXI, contrário à
iniciativa privada e ao empreendedorismo.
Políticas
econômicas de inspiração marxista (leia-se, intervencionismo estatal, em
diferentes gradações) têm sempre resultados desastrosos. Quando tais políticas
são adotadas em menor grau, de forma, digamos, "comedida", produzem,
na melhor das hipóteses, crescimento medíocre e/ou recessões econômicas.
Quando esse
intervencionismo é levado às últimas consequências, adotado de forma plena,
tem-se catástrofes como a venezuelana - ou a cubana. Impressiona que na América
Latina essa lição ainda não tenha sido feita.
O bloco
soviético ruiu porque o comunismo não deu certo. Não foi uma derrota militar,
política ou diplomática para o capitalismo ocidental, mas, sim, o simples reconhecimento
(depois de décadas de penúria) de que o modelo de economia planificada, com
controle dos meios de produção pelo Estado, é incapaz de gerar progresso
econômico e, dessa forma, atender às expectativas de bem estar de seus indivíduos.
Em outras
palavras, o desenvolvimento social depende do desenvolvimento econômico, e
esse, por sua vez, está condicionado à liberdade de empreender e ao ímpeto
individual, algo inadmissível na visão socialista de mundo.
Voltemos à
Venezuela. Nem petróleo nossos vizinhos conseguem produzir como antes: entre os
13 países-membros da Opep (a organização que congrega os exportadores de
petróleo), a Venezuela foi o que apresentou a maior queda (13%) na produção em
2017.
Ao ampliar
o grau de intervencionismo na economia, afastando as regras de mercado, o socialismo
bolivariano desmontou a capacidade produtiva do país. O resultado disso é o que
vemos hoje: ineficácia econômica, desemprego, desabastecimento, uma crise
social devastadora.
A
"nova matriz macroeconômica" do governo Dilma (com a sua pirotecnia
fiscal, entre outros descalabros) foi, pode-se dizer, um caso de ativismo estatal
e intervencionismo "comedidos", se comparada ao programa econômico
adotado por Chávez/Maduro. Ainda assim gerou uma das mais longevas e profundas crises
econômicas que o Brasil já enfrentou e da qual ainda levará algum tempo para se
recuperar totalmente.
Em ano
eleitoral, fazer a distinção entre políticas que garantem liberdade econômica e
políticas que preconizam o ativismo estatal - e a partir daí identificar quais
candidatos e partidos estão em cada campo - pode significar a diferença entre
levar o país a ter crescimento robusto, com amento de empregos e renda, ter
desempenho medíocre ou entrar em colapso.
Uma
pergunta simples a cada candidato ajudaria no diagnóstico: "A que o sr.
(sra.) atribui o colapso econômico e a crise social da Venezuela?"
Por Nilson Mello
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