O
Mensalão de Lula e Pedro Corrêa
“Ele sabia de tudo (sobre o Mensalão e a costura do acordo para livrar a cara de todos os envolvidos). Coordenou tudo. Comandou tudo e sabia que tudo era feito para arrecadar, para pagar conta de eleição, e que a gente colocava (na Petrobras) as pessoas para fazer isso”.
O depoimento acima é do ex-deputado federal
e ex-presidente do PP Pedro Corrêa e foi dado à repórter Bela Megale, em
matéria publicada pelo jornal O Globo
neste domingo (7/01). Pedro Corrêa, condenado no Mensalão e cumprindo prisão
domiciliar, referia-se ao ex-presidente Lula.
Pois bem, é este “probo” indivíduo, já
condenado em primeira instância em outro processo de corrupção, que lidera as
pesquisas para presidente da República. É por ele que alguns se articulam,
a fim de que não se torne inelegível, o que poderá ocorrer no próximo dia 24,
por ocasião de seu julgamento em segunda instância pelo TRF4.
A verdade é que quem defende Lula hoje ou é
cínico e criminoso como ele ou tem sérios problemas cognitivos.
Além do “lead” (ou seja, o fato de que Lula
de tudo sabia no episódio da Mensalão), a ótima matéria de Bela Megale chamou a
atenção por outros dois aspectos.
O primeiro é o fato de Pedro Corrêa ter se
sentido absolutamente à vontade no cárcere. Parece até ter desfrutado os tempos
em que passou enjaulado, um período do qual ele se jacta, informando que pôde
ler 100 livros. A vida de condenado - e de criminoso - é algo que (e isso deduzimos das entrelinhas) lhe cai bem -
seria intrínseco à sua natureza.
O ex-deputado,
médico de formação, é um tipo lombrosiano, embora, a rigor, não tenha, digamos,
le fisique du rôle, ou seja, o seu
aspecto não é o de um facínora, mas de um “vigarista bonachão”, em que pese a
contradição em termos. E, claro, não somos nós que o estamos acusando e
condenando. Foi a Justiça que o fez, em função de suas próprias confissões.
O segundo aspecto
está relacionado com o primeiro e é muito mais grave: como fica absolutamente
claro por sua entrevista, Pedro Corrêa não se arrepende nem um pouco do que
fez. Parece que faria tudo de novo, sem o menor peso na consciência.
Aparenta até
felicidade, e não tem qualquer constrangimento moral em exibi-la. Cumpre
prisão domiciliar num belo apartamento no Recife, de frente para o mar, cercado
pela família e com uma fornida adega à disposição.
Pedro Corrêa é a
certeza de que o crime de conexão Política compensa. É uma bofetada na face (já
muito vermelha) do brasileiro que tenta levar a vida de forma honesta.
Deixo uma pergunta
para sociólogos e criminalistas, em especial colegas do Instituto dos Advogados
Brasileiros (IAB) que defendem penas brandas: elas realmente funcionam? Desestimulam
o crime e recuperam bandidos (como Pedro Corrêa)? Pois, no caso em questão, a
impressão que temos é que ele só espera uma oportunidade para reincidir.
Por Nilson Mello
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