Pode-se até dizer que a presidente Dilma Rousseff
tentou acomodar interesses ao compor o seu ministério – com 39 nomes – para o
segundo mandato. Um Congresso mais dócil e o apoio político mais amplo
facilitariam a aprovação de projetos de interesse do Planalto – não necessariamente
coincidentes com os da sociedade – e aquilo que se convencionou chamar de
governabilidade. Até aí, nada fora da praxe “republicana” brasileira.
Contudo, passado um conturbado janeiro - em que a
presidente se escondeu -, a crise institucional já se instalou. A prova está na
eleição de Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara, contra o candidato
governista, e a total exclusão de integrantes do PT na formação da Mesa
Diretora da Casa.
O resultado poderia ser encarado como uma vitória do
processo democrático, ou seja, a confirmação, na rotina, do princípio da separação
de Poderes, basilar na democracia, e, portanto, algo saudável e producente para
o país. A menos, é claro, que o desfecho torne ainda maior a negociata do “toma lá, dá cá”
e as demais práticas promíscuas que pautam as relações entre Executivo e
Legislativo - hipótese bem provável.
De qualquer forma, esta é a primeira vez na longa história
do fisiologismo brasileiro em que um governo loteia o seu Ministério sem
conseguir o apoio do Legislativo ou da classe política. Uau!
Outra possibilidade
- A não ser que não se
pretendesse o compartilhamento de poder - em busca da mencionada
governabilidade - mas, sim, o esvaziamento do PMDB e do próprio PT, com
concentração de força política no Executivo. Dividir para governar?
O estilo autocêntrico e autoritário da mandatária
autoriza o diagnóstico. A revolta da base - incluindo petistas, claramente
divididos hoje - na Câmara reforça a tese. Tiro pela culatra.
O segundo mandato já começou com desgaste político. É
preciso ser muito competente para transformar uma vitória nas urnas (ainda que
apertada) em derrota. O quadro todo é ruim se considerarmos os desafios que o
pais tem pela frente em 2015 e a dimensão dos ajustes que a área econômica
precisará fazer para colocar novamente a casa em ordem, após o desmonte dos
fundamentos econômicos promovido, sobretudo, de 2011 para cá.
Por falar nisso, por onde anda o ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega, presidente do Conselho da Petrobras?
Por Nilson Mello
Nenhum comentário:
Postar um comentário