Ministro José Eduardo Cardozo
Tempos de falácias e
embustes
O ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira que as acusações que têm vindo a
público contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem ser analisadas
sob os enfoques judiciário e político, mas também sob a ótica do povo. Para o
ministro, o que está claro é o propósito infamante das declarações.
Sob o enfoque judiciário,
disse ele, as acusações não teriam qualquer “valor probatório” porque partem de
pessoas já condenadas ou que estão sendo alvo de inquérito e, portanto, tentam,
com a suposta manobra, vingar-se ou dividir responsabilidades. Além disso –
prossegue o ministro em seu curioso raciocínio - as afirmações, todas elas
caluniosas, não vieram acompanhadas de provas
materiais.
Já do ponto de vista
político, seriam acusações e ser encaradas como parte do embate natural entre
oposição e governo. Neste contexto, segundo o ministro, devem ser minimizadas,
relegadas aos escaninhos das futilidades político-partidárias, esvaziadas de
qualquer efeito legal prático. Estranho raciocínio,
novamente.
Pela ótica da opinião
pública ou do povo – e nesse ponto regozija-se o ministro – aí mesmo é que as
acusações não devem merecer nenhuma importância, porque, lembra ele, o povo já
julgou o ex-presidente como um homem de bem, imbuído de elevado espírito público
e comprometido com os verdadeiros interesses dos
brasileiros.
O ministro encontra hoje nos
altos índices de aprovação, e não na Lei, a melhor blindagem para Lula e o seu
governo. Nada como dar tempo ao tempo e refazer o discurso político.
O atual titular da Justiça
foi talvez o único parlamentar do PT que, no bojo do estouro do escândalo do
“mensalão” – repita-se, o esquema de cooptação de apoio no Congresso montado
pelo PT para consolidar o seu poder - declarou que a compra de voto existiu, que
o fato não poderia ser escondido da sociedade e que seria preciso punir os
responsáveis.
Reconheçamos que as
denúncias do “mensalão”, embora estejam agora culminando com a efetiva
condenação dos envolvidos, no desfecho da ação penal 470 no Supremo, e como
consequência da robustez das provas dos autos, jamais alcançaram na sociedade
ressonância à altura da gravidade do episódio.
Uma minoria no país
mostra-se indignada. Mas mesmo entre a minoria, o ímpeto é de resignação,
timidez, não de protesto ou reação. Logo, embalado nos referidos altos índices
de popularidade, o ministro da Justiça põe-se à vontade para esquecer de vez o
mea culpa do tempo de parlamentar
e seguir em frente em defesa do governo Lula.
Com certeza vivemos tempos
de embustes no Brasil. O PT, em seu governo, engendrou um esquema para dominar a
máquina pública. O principal ministro da época, o presidente do PT e o
tesoureiro do partido já foram condenados. Se tudo der certo (?), irão para
cadeia em breve. Mas ele, Lula, segundo Cardozo, é vítima da falácia da
oposição, em conluio com a mídia. Nada sabia.
E para você, onde está a
falácia?
Por
Nilson Mello
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