E o
retorno às aulas?
Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgados no último dia 15 pelo MEC revelaram evolução no ensino médio, avanço tímido no ensino fundamental, disparidade entre os estados e entre as redes pública e privada, bem como uma realidade educacional ainda distante das metas estabelecidas. Criado em 2007, com avaliações a cada dois anos - considerando as disciplinas de português e matemática e as taxas de aprovação e evasão -, o Ideb é um dos principais instrumentos de aferição da educação do país.
Os números dizem respeito ao levantamento realizado em 2019,
com a participação de cerca de 35 milhões de alunos, do fundamental ao último
ano escolar, matriculados em 199 mil escolas públicas e particulares. O
segmento que apresentou melhor evolução nessa edição, o ensino médio, alcançou
4,2 pontos (numa escala de 0 a 10), 0,4 a mais que em 2017 e o melhor resultado
desde o início da série histórica. Contudo, a meta prevista para o período era
de 5 pontos, alcançada por apenas um estado: Goiás.
Um dado relevante é que, no ensino médio, as notas dos
alunos da rede estadual tiveram avanço maior (0,4 contra 0,2) do que as dos
estudantes das particulares, embora, no geral, o desempenho da rede privada
ainda seja melhor do que o da rede pública (nota 6.0, contra 3,9).
Já
nos primeiros anos do ensino fundamental, o avanço geral foi mais tímido, de
0,1 ponto, para nota 5,9, superior à meta para este segmento, que era de 5,7
pontos. Nove estados conseguiram nota superior a 6: Distrito Federal, São
Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Goiás e Ceará. Nos anos finais do ensino básico, o aumento das notas foi maior (0,2),
mas, em compensação, os 4,9 pontos alcançados no geral ficaram abaixo da meta,
de 5,2 pontos. Neste segmento, apenas sete estados cumpriram suas metas
isoladas: Amazonas, Alagoas, Pernambuco, Piauí, Ceará, Paraná e Goiás.
O
Rio de Janeiro não tem do que se orgulhar. Além de não se destacar em nenhum
segmento, um percentual muito reduzido de seus municípios alcança as metas do
Ideb no ensino fundamental: 18,3% nos anos iniciais e meros 4,3% nos anos
finais. O mau desempenho se deve, ao que tudo indica, ao baixo rendimento da
rede pública, principalmente no interior do estado. Para se ter ideia do atraso
fluminense, o Ceará, líder neste quesito, tem 98,9% dos municípios atingindo a
meta nos anos iniciais do ensino fundamental e 83,7% nos anos finais.
Vale
notar que é justamente no Rio de Janeiro, estado de fraquíssimo desempenho no
Ideb - apesar de ex-capital da República e segunda maior economia da Federação
- que a questão do retorno às salas de aula tem sido mais politizada e, por
consequência, judicializada. Atendendo
a pedido do Sindicato dos Professores do Município, o Tribunal de Justiça do
Estado e o Tribunal Regional do Trabalho já deram decisões cautelares
suspendendo o decreto da Prefeitura de retorno às aulas.
Na última
segunda-feira, o procurador Geral da República, Augusto Aras, decidiu entrar na
disputa e enviou manifestação ao Supremo pela manutenção da proibição de
retorno. Pena que, em meio a uma disputa de indisfarçado caráter político, os
especialistas não estejam sendo ouvidos. No último dia 14, a OMS, o Unicef e a Unesco
divulgaram documento conjunto recomendando o retorno às aulas, porque entendem
que agora “a prioridade deve ser a continuidade da educação das crianças”, de
acordo com protocolos de segurança.
Infelizmente,
no Rio já pode tudo: praia, shopping, academia de ginástica, clubes, bares e
restaurantes. Menos alunos nas escolas.
Por Nilson Mello
Situação complicada, porém parabéns pelas suas considerações/informações.
ResponderExcluirA Educação não é importante no Brasil. Triste retrato. Excelente artigo.
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