terça-feira, 29 de maio de 2018

Artigo


O cacoete nacional 


    Preço é uma variável econômica, algo que deve oscilar em função de oferta e demanda do produto ou serviço (qualquer produto ou serviço), entre outros fatores.
    Quando você estabelece de ofício, de dentro de um gabinete no Planalto, um preço que acha justo, na verdade você está propagando distorções na cadeia produtiva (e escamoteando outras distorções), com resultados catastróficos logo à frente, em termos de produtividade e eficiência.
    Olhe para a Venezuela, único país da OPEP que não consegue mais crescer e ser produtivo no segmento petróleo, e você entenderá do que estamos falando. Repare: por que 1 real e não 2 reais ou 5?
    Fixar preço é o caminho mais curto para o desastre econômico. Economias planificadas (socialistas, em diferentes graus) fizeram isso e não deu certo.
    O Bloco Soviético ruiu por tentar dizer quanto cada um consumiria, o que consumiria e a que preço, na contramão de leis econômicas.
    O mesmo se dá com qualquer tipo de intervencionismo estatal, incluindo os de direita. Lembremos do Plano Cruzado, do Plano Collor, da Economia no governo Geisel. Preço é uma variável, e como tal deve... variar.
    Agora, como fazer para que os preços sejam mais baixos? Aumentando a oferta. No segmento petróleo, temos um gargalo no Brasil que é o monopólio do refino. E temos um problema estrutural que é a alta tributação sobre a gasolina (45%) e sobre o diesel (28%), porque temos uma máquina pública que não cabe nos limites orçamentários, com governos intervencionistas e dispendiosos, o que os leva à voracidade tributária - até por uma questão de sobrevivência.
    No fundo, existe um só problema: um Estado opulento e intervencionista gerando ineficiência econômica. Impressiona como não nos livramos do cacoete intervencionista após tudo que enfrentamos: governo Geisel, os referidos planos econômicos heterodoxos, Dilminha... Ainda não aprendemos a lição.

Por Nilson Mello

Chantagistas
    É preciso que fique claro para aquelas pessoas que ainda apoiam esse locaute rodoviário que tudo aquilo que está sendo entregue por um governo fraco aos chantagistas, na forma de subsídios e reserva de mercado, será pago por nós, o conjunto da sociedade, na forma de tributação. E o governo federal terá muito mais dificuldade para fechar as suas contas, aprofundando o déficit fiscal. Só quem, em sã consciência (isso não inclui os inocentes úteis), pode apoiar essa “greve” imoral são os adeptos do “quanto pior, melhor”. Bolsonaro apoiou o movimento. Boulos também. E Lindbergh ... a lista é longa, e o espectro político-ideológico, amplo.(NM)

Tendências
    No Brasil, a direita foi muito mais intervencionista do que a esquerda (mas justiça seja feita: apenas por uma questão de oportunidade). Basta lembrar o governo Geisel e alguns planos econômicos, como o Plano Cruzado e o criminoso Plano Collor, do confisco. O Brasil nunca teve uma economia regida por regras de mercado, preferindo os artificialismos de gabinete. É por essa razão que andamos de lado até hoje . Agora, volta à baila o tabelamento de preços, algo que se acreditava superado.(NM)


Retrocesso
    Tabelamento de preços, reserva de mercado (para caminhoneiros), mais impostos (para subsidiar a reserva de mercado e o tabelamento de preços), retomada da inflação (por conta da ineficiência econômica gerada pelo tabelamento e pela. reserva de mercado), fim das reformas estruturantes que poderiam fazer a máquina pública gastar menos do que arrecada e com isso destinar mais dinheiro para investimentos em áreas essenciais (como saúde, infraestrutura e educação). Estamos de volta aos anos 1980, a Era Sarney. E ainda tem gente, de variado leque ideológico (de Bolsonaro a Boulos), apoiando um movimento corporativista cuja conta salgada será paga por nós todos, a sociedade. São os oportunistas do “quanto pior, melhor” ou os tolos de todo gênero. (NM)



2 comentários:

  1. Infelizmente, a população, que em boa parte apoia a greve, ainda não entendeu que é ela quem pagará pelos desdobramentos deste movimento. Governo, agricultura, industria, comércio e serviços perderam bilhões com a greve e vamos arcar com tudo isso, com preços mais altos e menos empregos. Uma lástima!

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  2. Sem contar que terá havido uma brutal queda no produto interno bruto.

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