Capitalismo
sem Estado?
Ao contrário do que muitos propagam, sobretudo aqueles que são contrários ao liberalismo, o capitalismo precisa de Estado. E precisa de Estado porque precisa de regras, de estabilidade. No estado de natureza, onde prevalece a "guerra de todos contra todos", na melhor concepção hobbesiana, não há Estado, nem bem estar e progresso.
Conceitualmente,
portanto, o Estado é estabelecido para que os indivíduos possam viver em
coletividade, e juntos prosperar. Eis aí o conceito básico de Contrato Social.
Na verdade, quem não acreditava no Estado não eram os pensadores do capitalismo
clássico (como John Locke), mas sim Marx, que vislumbrava uma sociedade sem
Estado, que emergiria após a ditadura do proletariado.
Para
Marx, qualquer Estado é uma ditadura. E, sendo assim, que seja uma ditadura da
“classe universal” - o proletariado. Depois de anos de reeducação (forçada pela
ditadura do proletariado), nasceria um novo homem, mais solidário e, por
consequência, uma sociedade igualitária, sem conflitos, que prescindiria do
Estado.
Está
claro que a doutrina marxista é repleta de inconsistências. Ironicamente,
podemos dizer que seria preciso combinar com o Criador para dar certo. Aqui,
vou ficar em apenas uma inconsistência da qual decorrem todas as demais: é
justo o igualitarismo, se os indivíduos são essencialmente desiguais?
Não
custa lembrar que, nos países em que o comunismo foi implantado (e, portanto, a
liberdade e o ímpeto individual suprimidos ou reduzidos, em prol da busca da
igualdade), a ditadura do proletariado nunca teve prazo para acabar. E ainda
assim o comunismo não vingou nesses países. Fracassou onde existiu, a despeito
da força.
A
razão para os países comunistas não terem vingado está na ineficácia de suas
economias. E isso ocorre porque solapam o mérito individual. Em outras
palavras, como eram economias planificadas, de planejamento estatal central,
com forte intervenção, não observavam as regras de mercado, as quais garantem
eficácia à economia, e com isso prosperidade à sociedade.
O
comunismo do tipo soviético já não rende tantos adeptos, dado o seu fracasso na
prática, à exceção de alguns lunáticos empedernidos. Contudo, a mentalidade
intervencionista, de orientação marxista (mais Estado suprimindo liberdade e
ímpeto individual, em nome da igualdade) segue iludindo corações e mentes e
comprometendo a eficácia de nossa economia.
O
Estado brasileiro é altamente intervencionista. Aí está a razão de nosso atraso
social e econômico. Partidos que proclamam maior intervenção estatal, como o
PSOL e o próprio PT, se dizem progressistas, mas, na verdade, estão na
contramão de nosso progresso. Basta dizer que defendem o modelo venezuelano, eminentemente
intervencionista, de orientação marxista - um desastre retumbante, que só os
ideologicamente cegos não enxergam e reconhecem.
O
Brasil precisa de Estado. Mas de um Estado responsável e eficiente, que deixe o
Kapital fazer o seu trabalho.
Por Nilson Mello
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