"Novo" escândalo
Esta
história de desvios envolvendo a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e a ECT - Empresa de
Correios e Telégrafos, manchete de Esporte (esporte?!) dos jornais desta
sexta-feira dia 7 de abril, chama a atenção não tanto pelo grau de corrupção,
que foi alto, claro, mas pela demora de Ministério Público e demais órgãos em
agir e tomar providências.
Até o
guardião do Parque Aquático Maria Lenk sabia que ali na piscina havia
"truta" das grandes, e há anos. A propósito, onde estava o TCU, que
nada viu ou apurou? Se a ação neste momento comprova, de fato, que vivemos um momento de inflexão para melhor no combate
aos desmandos no país, menos mal.
Em todo
caso, a ECT deveria ser objeto de estudo nas escolas de Economia. Pois é
preciso entender em detalhes como o aparelhamento político em larga escala - no
caso, promovido pelo PT em associação com o PMDB - pode quebrar uma empresa
monopolística (monopólio estatal, ainda por cima) que atua num setor altamente
rentável.
A velha
máxima sempre se renova com força no Brasil: coloque políticos (nem precisa ser
do PT) para administrar o deserto do Saara e em breve faltará areia. Lembre-se
que, com políticos, e não técnicos de gabarito, administrando a Fazenda e o
Banco Central tivemos crescimento do déficit fiscal, da inflação e do
desemprego nos últimos anos.
Eis por
que políticos em geral odeiam privatizações. Odeiam porque, sem estatais e
empresas de economia mista, não teriam como montar os seus esquemas
fraudulentos. O discurso de defesa do patrimônio e da soberania nacionais é
mera cortina de fumaça. Hipocrisia rasteira.
Ora, como
obrigar uma Petrobras privatizada, administrada com parâmetros de mercado, com
práticas de boa governança, a fechar contratos hiper-faturados com a Odebrecht,
ou com quem quer que seja?
Hoje, está
mais do que provado que o "produto" dos desvios nas estatais alimenta
de forma ilegal não apenas a máquina partidária como o próprio bolso de seus
dirigentes. Paradoxalmente, as empresas estatais tornaram-se a fonte do
enriquecimento privado ilícito. Servem ao interesse de poucos (grupelhos
organizados), em detrimento da sociedade.
Quando
Faoro escreveu Os donos do Poder
possivelmente não imaginava que o patrimonialismo poderia chegar à exponencial forma de nossos dias, em que o Estado simplesmente se exaure na concessão de
privilégios espúrios, inviabilizando o atendimento às demandas sociais
legítimas.
Com este
tipo de dinâmica e mentalidade, protegidos por um falso discurso que prometia
proteger justamente aqueles que prejudicavam, quebraram a Petrobras - sim, porque
tecnicamente a Petrobras quebrou no governo Dilma Rousseff. Para quem conseguiu
esta proeza, afundar os Correios era brincadeirinha de criança.
Se fossem tecnicamente
competentes, seguindo o nada elevado lema de Adhemar de Barros, essas empresas teriam
ao menos cumprindo o seu papel. Não que,
com isso, eles pudessem fazer jus a qualquer lisonja pelo "rouba, mas
faz" ou ficar isentos de nossa veemente reprovação. Pobre, Brasil...
Comentários do dia
TCE-RJ
Os Tribunais de Contas, tanto o da União
como os dos Estados e os dos Municípios, são órgãos auxiliares dos Legislativos
que têm, como função, a fiscalização das contas do Executivo e do Poder Público
como um todo. Como se vê pelo que ocorreu no Rio de Janeiro, eles têm a função
, mas evidentemente não a cumprem. São , na verdade , mais um foco de corrupção
e de conluio (e de cabide de empregos) encravado na máquina pública, sustentado
pelos impostos que pagamos. Proposta: extinção de todos os Tribunais de Contas
e , a partir daí , submeter as contas de governos a empresas privadas de
auditoria, escolhidas por licitação a cada quatro anos, jamais coincidindo com
os mandatos dos Executivos (presidente, governador, prefeito). Sim,
privatização!
A convergência dos opostos
***
A convergência dos opostos
E
por falar em privatizações, é curioso como as
ideias de Bolsonaro, no campo econômico, convergem com as dos partidos
ditos progressistas, de esquerda (Psol, PCdoB, PT...). Vejamos: Bolsonaro é
contra as privatizações, é contra a reforma da Previdência, é contra reformas
que modernizem a Legislação trabalhista, é contra, por extensão, à
terceirização (que é uma paliativo enquanto não se faz uma reforma da
legislação trabalhista de verdade), é contra a liberação dos mercados, é contra,
por tudo isso, a economia de mercado - assim como os partidos citados acima.
Irônico, não é mesmo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário