Estatismo e grupos econômicos
O nacionalismo estatizante argentino, “returbinado” pelo governo de Cristina Kirchner, está menos distante da realidade econômica brasileira do que podemos imaginar. De certo, o grau de intervencionismo praticado no país vizinho é maior, mas aqui também o dirigismo é estimulado por uma mentalidade populista que custa a perder espaço na América Latina.
O dirigismo estatal latino-americano até faz alusões a teses socialistas, mas como a prática mostrou que a economia planificada do modelo socialista é ineficaz, no final o que se produz é um tipo de capitalismo mitigado e muito mais nocivo.
Como lembra o filósofo e economista Eduardo Giannetti, o modelo não é de esquerda, nem de direita, até porque foi adotado nos anos de governo militar no Brasil sem, é claro, o viés populista. O que o caracteriza é a ideia de um “Estado forte”, orientador da atividade econômica.
O que este modelo tem de mais nocivo é o fato de ignorar o mérito e não gerar condições equânimes para os agentes econômicos. Sob o manto de um pseudo-planejamento estratégico, elege parceiros no setor privado, ao invés de promover a ampla concorrência de mercado, em bases regulatórias claras, o que estimularia a competição e, por conseqüência, a eficiência econômica.
Um capitalismo de Estado híbrido – as empresas podem não ser estatais, mas agem em conluio com o Poder Público, para sobreviver – é o que se pratica na Argentina, onde prevalece o artificialismo econômico. E é o que nossos governantes estão sempre pensando em fazer no Brasil, embora não o declarem abertamente.
Por Nilson Mello
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