Aula de revisão
Recebi um comentário de uma boa amiga
ressuscitando uma questão que parecia superada. Ao tecer críticas ao atual
governo, ela retrocedia acusando Temer de golpista.
Não acho que isso deva mais ter relevância -
pois o voto dos eleitores nas urnas no ano passado esteve alinhado com o
desfecho do processo de impeachment -, mas, ainda assim, resolvi fazer uma
breve “revisão da matéria”.
Temer assumiu a Presidência com o
impedimento da presidente. Ambos foram eleitos na mesma chapa. PT-PMDB eram
aliados em tudo. Quem votou no PT para presidente deveria saber que também
estava votando no PMDB de Temer. Com o impedimento da presidente, cumpriu-se a
linha sucessória prescrita pela Constituição da República.
O processo de
impeachment, por sua vez, cumpriu os trâmites formais previstos pela
Constituição e pela Lei, com julgamento no Congresso presidido pelo presidente
do STF. Antes, os recursos da defesa foram examinados pelo Supremo, com
respeito ao princípio da ampla defesa.
Portanto, não foi
golpe, mas, sim, um remédio que o Estado de Direito se autoaplicou, para
expelir o mal (a exemplo de todos os processos de impeachment: um mecanismo de
defesa da própria democracia).
Além disso, havia um
clamor público pelo afastamento da presidente. A sociedade não a queria mais na
presidência - e as eleições de 2018, na qual o seu partido saiu derrotado,
comprovaram isso. E não queria não apenas porque a presidente havia
desrespeitado a Lei Fiscal (o que deu fundamento ao processo de impeachment),
mas porque o seu governo produziu a mais profunda e longeva crise econômica
(recessão aguda) que este país enfrentou.
Saliente-se que foi
também um governo que mentiu para se reeleger. Ao tomar posse, adotou o
programa do adversário, o qual criticava ferozmente na campanha. Um vergonhoso
estelionato eleitoral. Por fim, mas não menos importante, foi ainda um governo
envolto em escabrosos casos de corrupção, como bem sabemos. Podemos virar a
página? (Nilson Mello)
Resumo
da semana
Por enquanto o governo Bolsonaro não tem uma
oposição organizada a enfrentar. Tem apenas filhos. (NM)
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