Jovens
confinados como gado aguardando o melhor preço da arroba no mercado da
bola. Ter solidariedade com o Clube de Regatas do Flamengo neste momento
equivale a ser cúmplice de um crime. A solidariedade deve ir para as
famílias dos jovens calcinados nas caixas estanques em que dormiam; e para a
torcida rubro-negra obrigada a conviver com diretorias irresponsáveis, a
exemplo das de outros clubes brasileiros.
Mas o
Clube de Regatas do Flamengo merece o rigor da Lei e o olhar crítico da
imprensa. Infelizmente, a ênfase das reportagens tem estado mais “no sonho
de jovens talentos tragicamente interrompido” do que na criminosa sucessão de
irresponsabilidades e omissões que resultaram no dantesco incêndio.
No tão
propalado “moderno” CT do Flamengo (a imprensa sempre elogiou!), o dormitório
dos meninos da base era há anos um improviso que beirava a gambiarra. A ponto
de a Prefeitura ter ordenado a sua interdição e ter multado o Clube nada mais
nada menos que 30 vezes!
Ministério
Público e Justiça do trabalho também já haviam notificado o Flamengo quanto às
precárias condições do alojamento dos jovens atletas. Pelo que se viu, a (s)
Diretoria (s) tratou todas essas advertências com absoluto desdém, uma vez que
nada fez.
Como
não havia alvará, também não havia licença do Corpo de Bombeiros. Em suma, não
faltavam irregularidades no Ninho do Urubu. Como então podemos ser solidários
ao Clube de Regatas do Flamengo?
Nossa
solidariedade deve ser com as famílias das vítimas e para a parcela da torcida
rubro-negra que se sente envergonhada pela ocorrência de uma tragédia que
poderia ter sido evitada pelos dirigentes de seu clube. (Nilson Mello)
“Contrario senso"
(texto de 10/02/2019)
(texto de 10/02/2019)
Não se
trata de responsabilizar o clube porque é o Flamengo, mas, sim, de não isentar
só porque é o Flamengo. O rubro negro que quiser honrar as tradições de
seu time, que não são poucas!, deve, em primeiro lugar, reconhecer a
responsabilidade institucional.
O
Clube de Regatas do Flamengo (junto com os seus dirigentes) é culpado pelo
incêndio no Ninho do Urubu, assim como a Vale é culpada (juntamente com seus
diretores e corpo técnico contratado) pelas tragédias
de Mariana e Brumadinho.
Os meios de comunicação e os meus colegas da
imprensa esportiva também merecem uma reprimenda: uma boa reportagem (em
qualquer grande veículo!) mostrando as precárias condições de segurança do
alojamento dos jogadores da base talvez tivesse levado o Flamengo a tomar as
providências necessárias.
Fontes de informações para embasar matéria com
esse enfoque não faltavam: bastavam ouvir MP, Justiça do Trabalho, Prefeitura,
Corpo de Bombeiros e todos os especialistas que, agora, se perfilam nos
programas de entrevistas apontando tardiamente os erros que levaram à tragédia.
Leite derramado.
Veículos e jornalistas da imprensa esportiva
podem ter se acomodado nas “pautas cegas”, condicionados não pela postura
crítica que deve orientar o trabalho jornalístico, mas por uma certa tietagem
clubística, embalada pela certeza de audiência e maior vendagem de exemplares.
Achávamos que os 7 a 1 haviam sido a nossa
suprema humilhação futebolística... Aquilo não foi nada! (NM)
Brumadinho
(texto de 07/02/2019)
(texto de 07/02/2019)
Acho
covardia o sujeito dizer que assinou um laudo técnico porque foi pressionado
pelo contratante ou empregador. O profissional capacitado é justamente aquele
que diz não às pressões - financeiras, políticas, comerciais etc.
Diria
mesmo que este é o seu principal papel, o resto é consequência desta postura
básica. Na verdade, acho que essa tentativa de se eximir terceirizando a
responsabilidade técnica é algo pior do que a covardia, mas fiquemos por aqui
em termos de adjetivos.
Num paralelo, imaginemos um médico alegando
ter administrado a medicação errada (matando o paciente) porque foi pressionado
pelo diretor do hospital ou pelo representante do laboratório. Ou o jornalista
que, ao ser processado por uma reportagem infamante ou caluniosa, que apurou e
redigiu, culpar o dono do jornal ou o seu editor chefe.
O bom profissional é o que diz não na hora
decisiva. E, na sequência, denuncia a pressão - se, de fato, for o caso. Se foi
mera estratégia de defesa, será mera estratégia de defesa... Ou seja, tentativa
inócua. (NM)
Nenhum comentário:
Postar um comentário