segunda-feira, 18 de julho de 2016

Comentário do dia

Turquia - O presidente Recep Tayyipe Erdogan e seu Partido da Justiça e Desenvolvimento estão no Poder desde 2002. São de centro-direita, nacionalistas, com forte viés religioso (muçulmanos sunitas). Após ocupar o cargo de primeiro-ministro por uma década, Erdogan elegeu-se presidente e passou a ampliar os próprios poderes, assumindo funções de chefe de Estado e de chefe de governo.
    Para sufocar o golpe militar de sexta-feira passada, prendeu nada menos que 1.700 juízes "hostis". Golpe militar, aliás, é uma rotina na Turquia (como lembra Ishaan Tharoor, do Washington Post): 1960, 1971, 1980 e 1997. A atual Constituição do país foi escrita na penúltima virada, de 1980. É legítima uma Constituição escita na esteira de um golpe?

    A Turquia é, na verdade, um país de frágil coesão, dividido entre Ocidente e Oriente; muçulmanos e Cristãos, e retalhado por etnias. E por isso uma frágil democracia. Nas franjas da Europa (e com um pé na própria Europa), está geograficamente sob a ameaça do Estado Islâmico - é o seu próximo alvo. Em resumo, um barril de pólvora cuja explosão atingiria a Europa em cheio. 

     Não é por outra razão que Erdogan contou com o apoio do Ocidente e dos partidos de oposição para conter o golpe. A instabilidade institucional que poderia resultar de sua queda faz com que até adversários - no embate político-partidário - o defendam neste momento. Diante da ameaça do EI e de todas as incógnitas que decorreriam do desfacelamento da Turquia, preferem acreditar que seria pior sem ele, embora saibam que é ruim com ele. 

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